O dólar subiu nesta sexta-feira, 11, mas fechou a semana acumulando queda de 1,5%, a quarta seguida de perdas. Com isso, a moeda americana testou no Brasil os menores valores desde 12 de junho. Profissionais das mesas de câmbio seguem mencionando que a forte entrada de fluxo externo continua contribuindo para valorizar o real, além da maior atuação do Banco Central, mas o desconforto fiscal voltou ao foco hoje após o adiamento da PEC Emergencial para 2021. Com a liquidez internacional elevada e o apetite por emergentes não dando sinais de perda de fôlego, essa semana foi marcada por forte movimentação de grandes investidores no mercado futuro da B3, com fundos e estrangeiros reduzindo apostas contra o real.
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Em dezembro, o dólar acumula queda de 5,6%, mas no ano, ainda sobe 26%. Cálculos do economista do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, é de que o real ainda está subvalorizado em 20%, a moeda mais depreciada globalmente. Um dos fatores que contribui para isso é o risco fiscal. No encerramento do pregão, com melhora do humor no mercado internacional, o dólar à vista reduziu a valorização e fechou em alta de 0,16%, cotado em R$ 5,0461. No mercado futuro, o dólar para janeiro fechou em alta de 0,78%, a R$ 5,0660.
A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, destaca que o Brasil continua se aproveitando da onda favorável no mercado externo, que vem desde a decisão da eleição americana e ganhou reforço das notícias positivas das vacinas contra o coronavírus. Agora são os Estados Unidos que vão dar início a vacinação dos grupos de risco. “Estamos vendo este fluxo forte para emergentes e tem um movimento de dólar fraco no exterior”, disse ela.
“O Brasil estava para trás, por causa da questão fiscal, que continua, mas o movimento global é muito forte e acaba sendo preponderante”, ressalta a economista da Armor. Ela acrescenta ainda que a sinalização por Jair Bolsonaro de não prorrogação do auxílio emergencial ajuda e o Banco Central está sendo mais ativo no câmbio, com vendas de swap, mesmo com o real relativamente mais valorizado. Além disso, Andrea Damico acrescenta a venda de dólares no mercado futuro, por fundos e estrangeiros.
Sobre a atuação do BC, que ontem e hoje fez leilão de swap novo, de US$ 800 milhões cada, os estrategistas em Nova York do Citigroup calculam que a instituição pode injetar US$ 9,6 bilhões no mercado até o encerramento de dezembro. Já o adiamento da apresentação do parecer da PEC Emergencial para 2021 frustra os planos do governo de conseguir algum avanço no ajuste fiscal ainda este ano, acrescenta o Citi. “As notícias sugerem a dificuldade de o governo conseguir apoio no Congresso para implementar uma ampla política fiscal contracionista em 2021.”
Os analistas da Blueline Asset Management destacam que apesar de ter havido “afastamento de uma crise fiscal no curtíssimo prazo, ainda não enxergamos iniciativas que enderecem os desafios para o ano que vem”.
Por Altamiro Silva Junior
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