No fim da tarde da segunda-feira (17), tanto Jair Bolsonaro quanto Paulo Guedes acalmaram os ânimos dos investidores. Após uma reunião entre ambos, Guedes disse a jornalistas que teve uma “excelente conversa com o presidente”. Reafirmou a confiança mútua e disse considerar “natural” a pressão dos demais ministros para a ampliação dos gastos públicos. Mas minimizou o calibre do fogo amigo. Mais tarde, o presidente afirmou em uma entrevista que “a saída de Guedes nunca foi cogitada”, e que “é zero a possibilidade de furar o teto de gastos”.
Durante o fim de semana, foi intensa a especulação na imprensa tratando de uma eventual fritura ou saída de Paulo Guedes, e a indicação de um substituto mais “flexível” para lidar com o teto de gastos. A saída de Vladimir Kuhl Teles, subsecretário de Política Macroeconômica, somando a oitava baixa na equipe econômica, também não ajudou. Não por acaso, além da volatilidade naturalmente elevada em um dia de vencimento das opções, a especulação sobre a saída de Guedes elevou os juros futuros e o dólar e derrubou as ações.
No momento mais tenso do dia, o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,515, alta de 1,6% em relação à sexta-feira. No fim dos negócios, a moeda americana valia R$ 5,496, alta de 1,3%. Foi o maior valor desde 22 de maio. Os juros também subiram, especialmente os vencimentos mais longos. Os contratos futuros com vencimento em janeiro de 2025 fecharam a 5,95% ao ano, uma alta de 14 pontos-base (centésimos de ponto percentual) na segunda-feira, e de 75 pontos-base desde os 5,20 % do fim de julho. E o Ibovespa encerrou a 99.590 pontos, perto da mínima do dia, em queda de 1,73%. Ainda que levemente, o principal indicador do mercado encerrou abaixo do “nível psicológico” de 100 mil pontos.
Agora, as declarações de Guedes – que já vêm sendo chamadas de “Dia do Fico” – devem distensionar bastante o humor do mercado. Além disso, o mercado internacional das commodities deverá auxiliar na sustentação da bolsa brasileira. A alta de cerca de 5% no minério de ferro, que vem pressionando inclusive os índices de inflação brasileiros deve animar as ações da Vale (VALE3), importantes no pregão. Os papéis da Petrobras (PETR3, PETR4) também deverão ter um dia positivo. As cotações estão subindo, com o anúncio da intenção chinesa de aumentar as compras do petróleo americano.
Inflação
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 2,34% no segundo decêndio de agosto, ante 2,02% no mesmo período do mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na manhã desta terça-feira. Com este resultado, a taxa em 12 meses passou de 9,05% para 12,58%. Mais uma vez, a aceleração da inflação decorreu dos preços do minério de ferro, que avançaram 9,24%, pressionando a inflação no atacado. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 3,15% no segundo decêndio de agosto, ante 2,72% no segundo decêndio de julho.
Para analistas, o dia deve ser positivo, com a alta dos preços das commodities e a distensão do ambiente político sustentando uma volta do Ibovespa aos 100 mil pontos. No mercado futuro, os contratos começam o dia com alta de 1,4%, acima de 101 mil pontos.
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