O prefeito do Rio, Marcelo Crivella disse que encaminhou hoje (27) um ofício ao ministro da Economia, Paulo Guedes, com o pedido de liberação, no valor de R$ 90 milhões, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de motoristas de ônibus, taxistas, ambulantes e artistas de rua cadastrados na prefeitura.
Segundo Crivella, o assunto seria discutido nesta sexta-feira, no Rio, em reunião com o ministro, mas ele foi informado que Guedes está de quarentena. Por isso, encaminhou o pedido por meio de ofício.
O prefeito acrescentou que seriam beneficiados pela medida os trabalhadores com carteira assinada. Para aqueles que não têm o documento, a administração municipal está preparando a distribuição de cestas básicas a fim de amenizar a crise financeira provocada pelo coronavírus.
No caso dos rodoviários, as empresas de ônibus ameaçaram paralisar os serviços por causa da falta de recursos causada pela crise que o setor vem enfrentando, agravada pela queda no movimento de passageiros, após o isolamento social adotado na cidade e no estado.
“As categorias que têm carteira assinada e saldo no Fundo de Garantia, pedimos ao presidente da República, que autorize que eles resgatem o FGTS. Aquelas categorias que não têm, estamos ajudando com cestas básicas”, afirmou hoje, em entrevista, no Riocentro, zona oeste do Rio.
Hospitais
Crivella informou ainda que o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, zona norte do Rio, está sendo organizado para uso exclusivo de atendimento aos pacientes infectados com coronavírus.
Haverá um hospital de campanha, que está sendo montado no Pavilhão 3 do Riocentro. A previsão é de que as obras de adaptação estejam concluídas em até 20 dias. Lá, serão instalados 500 leitos, mas se houver necessidade, a prefeitura admitiu que pode ter um aumento no número de leitos.
Sobre flexibilizações nas atividades suspensas estão levando em conta aspectos políticos ou sanitários, o prefeito afirmou que as decisões são tomadas depois de após ouvir a comunidade científica do município.
“Nossos médicos, professores de universidade, nossa secretária de saúde [Beatriz Busch], nossos infectologistas. Temos tomado decisões sempre no gabinete de segurança, sempre juntos”, disse.
De acordo com o prefeito, as medidas adotadas a nível municipal têm dado resultado. Pelo número de infectados previstos para amanhã (28), e com base na série histórica que começou no dia 27 do mês passado, poderiam ocorrer 2 mil casos. Mas pelos dados atuais, segundo ele, os casos não chegarão a 1 mil registros.
Diante dos números, o prefeito não descartou a possibilidade de novas flexibilizações nos próximos dias. “Acredito que daqui a 15 dias a gente comece a flexibilizar esse afastamento social, mas isso vai depender das curvas e dos números que estamos acompanhando dia a dia”, indicou, acrescentando que no momento não há decisões de novas aberturas de atividades.
A partir de hoje, quando divulgar os boletins, a prefeitura do Rio vai incluir o indicador de pessoas internadas na rede municipal com síndromes respiratórias agudas e que tiveram alta, mas vai deixar de divulgar os números de casos suspeitos.
A secretária Beatriz Busch afirmou que a partir do término da fase em que a contaminação se dava especificamente por pessoas que voltavam de viagens ao exterior não tem porquê manter a divulgação de casos suspeitos de novo coronavírus.
“Abandonamos a restrição de casos suspeitos e passamos a tratar todos os casos gripais como prováveis. Temos um levantamento recebido da secretaria estadual desde o dia 16 de março da notificação desses caso e passamos a adotar este número, que ontem estava em 4 mil 471 casos prováveis. São todas as pessoas que apresentaram quadros gripais desde o dia 16 de março”, afirmou a secretária.
A partir desta sexta-feira, a prefeitura passa a divulgar os casos prováveis, os confirmados, os internados e os que estão em unidades de tratamento intensivo (UTIs), além das pessoas internadas na rede municipal com síndromes respiratórias agudas e que tiveram alta.
Reabertura
Hoje, em decorrência do decreto do prefeito publicado no Diário Oficial do município, voltaram a funcionar mercearias, lojas de conveniências nos postos de combustível, desde que sem o consumo no local; as de material de construção, açougues, aviários e peixarias, depósitos, distribuidoras e transportadoras, vedada a comercialização de bebidas alcoólicas em condições de consumo imediato; comércio de insumos agrícolas e de medicamentos veterinários, alimentos e produtos de uso animal e os estabelecimentos comércio de gás liquefeito de petróleo (GLP).
Igrejas
Crivella disse que a prefeitura pediu a padres e pastores para que evitem aglomerações em templos religiosos e igrejas. “Hoje o que ocorre nas igrejas abertas é as pessoas irem até o altar, fazerem uma oração, se ajoelharem, pedirem por nós e pela cidade. Se houver algum culto, as pessoas procuram sentar separadas umas das outras, É assim que as igrejas têm se comportado”, afirmou, sem indicar a recomendação de que mantenham esses locais fechados.