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Taxas de juros sobem com piora do risco fiscal e pressão dos Treasuries

Os juros futuros encerraram a semana sob a mesma tônica que vem ditando o comportamento da curva nas últimas semanas e meses: a piora da percepção de risco fiscal. As taxas voltaram a subir para valer nesta sexta-feira, 13, mesmo sem novidades no noticiário do pacote de corte de gastos, prevalecendo o sentimento de que o preço para que as medidas sejam aprovadas ainda este ano é um afrouxamento das regras inicialmente propostas, que já não agradavam, ou seja, a chamada desidratação dos textos.

Na agenda, o IBC-Br acima do consenso reforçou a avaliação de que o Copom será agressivo na trajetória da Selic e, no exterior, o avanço dos rendimentos dos Treasuries contribuiu para a pressão nas taxas locais.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 14,84%, de 14,66% no ajuste de ontem. A do DI para janeiro de 2027 voltou a romper 15%, ao subir de 14,71% para 15,05%. A do DI para janeiro de 2029 fechou em 14,65%, de 14,20%. No balanço da semana, as taxas longas subiram 20 pontos, mas as curtas foram além, com abertura de 50 pontos.

“Hoje não tem nada específico, não teve um gatilho claro. É mais esse sentimento ruim com relação ao fiscal que já vem perdurando nas últimas sessões”, afirma o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal, para quem os mercados de câmbio e juros “estão sem defesa”. “Quando se olha os preços, os ativos parecem exagerados do ponto de vista de fundamentos, mas o que o mercado está precificando é o futuro. O pacote já não agradou no começo e agora ainda está sendo desidratado. Há temor grande sobre a sustentabilidade da dívida”, diz.

Diante do estresse dos ativos, o Tesouro antecipou que colocará na próxima semana lotes mínimos nos leilões de títulos públicos, o que foi bem recebido pelo mercado, como sinal de que a medida evitará pressão adicional. Indicou ainda que atuará conjuntamente com o Banco Central.

Com a política fiscal na contramão do aperto de juros, não se sabe até onde a Selic pode chegar para fazer a inflação convergir às metas, compromisso que o Banco Central tem se esforçado para mostrar que para ele é sagrado. Mas “uma reancoragem de expectativas, bem como uma reversão do comportamento da taxa de câmbio, mostra-se cada vez menos sob controle pleno do Banco Central, diante da importância assumida pela questão fiscal na percepção de risco dos agentes”, afirma o economista da Tendências Silvio Campos Neto. A consultoria elevou sua projeção de Selic terminal para 14,75%.

Sem a redução dos impulsos fiscais, dificilmente a política monetária será efetiva em esfriar a atividade e promover desinflação. O IBC-Br de outubro na margem (+0,14%) ficou acima da mediana das projeções (zero) e fechou uma sequência de dados robustos de atividade em outubro, o que remete ao alerta do Banco Central sobre o hiato do produto.

Em menor medida, o exterior hoje também não ajudou. Os juros dos Treasuries subiram e a taxa da T-Note de dez anos voltou a flertar com a marca de 4,40%, penalizando o DI e o dólar.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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