O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que o Banco Central e o Tesouro atuam em função de disfuncionalidades no mercado de câmbio, e que esse não parece ser o caso no momento, mas reconheceu que o mercado precifica de acordo com a sinalização do momento. Ele foi questionado sobre como a desvalorização do real impacta na gestão da dívida pública, após forte alta do dólar na esteira do anúncio do pacote de redução de despesas e de alteração na faixa de isenção do Imposto de Renda.
“O mercado tem sua dinâmica e realiza seus preços de acordo com o que aquele momento ali, de alguma forma, sinaliza. Tem que, claro, ter a serenidade de fazer as avaliações e adotar as medidas necessárias para criar as ancoragens para o estrutural. Eu sempre volto a isso, ao plano de voo, ao que nós temos nesse horizonte de entregas, para também você não viver o sabor do movimento, que é bastante volátil. Isso pode ser bem observado ao longo dos meses, o quanto vai para um lado, vai para o outro, então precisa ter, obviamente, serenidade, sem, obviamente, desprezar sinais”, disse durante coletiva de imprensa sobre o resultado do governo central.
O secretário ressaltou que o Tesouro está cumprindo as diretrizes fixadas no Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida, e que há desejo de que o câmbio e os juros impactem o mínimo possível na composição da dívida. “Esse é o trabalho de ir construindo, adotando medidas e ancorando expectativas para viabilizar isso”, disse.
O subsecretário da Dívida Pública, Otavio Ladeira, reforçou que o Tesouro trabalha com várias camadas, com a redução de volumes emitidos, colocação de volumes mínimos em papéis mais estressados e em algum momento a recompra, que seria a última etapa.
“Só entramos com recompra em momentos em que o mercado está realmente disfuncional, não encontrando uma taxa de juros de referência, mas estamos longe desse cenário. Observamos o mercado, às vezes, com certa volatilidade, mas sempre ele mesmo, por si mesmo, encontrando pontos de referência até agora, então, não vimos e não estamos vendo nenhum momento em que faça algum sentido fazer recompra de títulos públicos”, afirmou.
Ele reforçou que o Tesouro monitora o mercado com atenção e destacou que os recursos acumulados em caixa ao longo do primeiro semestre, próximo de R$ 100 bilhões, ajudaram a atuar neste segundo semestre.
“Não sabíamos o que viria no segundo semestre, mas esses R$ 100 bilhões nos ajudaram bastante a fazer leilões menores e não adicionar volatilidade ao mercado. Esse é basicamente o nosso principal instrumento em momentos de volatilidade, desacelerar, deixar o mercado encontrar seu novo preço de equilíbrio, usando, eventualmente, um pouco do caixa que nós temos acumulado”, afirmou.
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Por Fernanda Trisotto e Amanda Pupo
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