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Juros: DIs fecham perto da estabilidade após IPCA-15 e de olho em corte de gastos

Os juros futuros tiveram oscilações contidas nesta tarde, com o entendimento de que os prêmios elevados já refletem as incertezas em torno do fiscal – em mais um dia sem o anúncio do pacote de corte de despesas pelo governo – e após o IPCA-15 de novembro apenas reforçar a aposta de três altas de 0,75 ponto porcentual na Selic nas próximas reuniões. A curva, que nesta terça-feira também se beneficiou de real tendo a melhor performance entre principais pares emergentes, precifica que a taxa de juros básica deve encerrar o ciclo de aperto monetário em 14% ao ano.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou estável a 13,270%, de 13,275% do ajuste da véspera; a para janeiro de 2027 fechou a 13,32%, de 13,33% do ajuste; e a para janeiro de 2029 teve leve queda de 13,11% do ajuste para 13,08%.

O vértice curto dos juros futuros encerrou estável depois de renovar mínima no período da tarde, ainda perto dos ajustes da véspera (mínima de 13,260% na taxa do DI para janeiro de 2026), conforme o mercado digeria que o IPCA-15, no fim, apenas reforçou o que já estava sendo precificado na curva já no pregão anterior: Selic terminal em 14% ao ano, com três altas de 0,75 ponto porcentual nas próximas reuniões.

“O IPCA-15 reforça a tese de que o Banco Central terá que acelerar o ciclo de aperto monetário para 0,75 ponto na próxima reunião. Acho que aumenta bastante a chance”, afirma o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, atribuindo o indicador como maior motivo para o vértice curto do DI ter ficado mais resistente nesta terça-feira.

Contudo, o sócio e analista Rafael Passos, da Ajax Asset, pondera que passados os ruídos pelo headline forte, basicamente decorrente de passagem aérea mais elevada, o IPCA-15 do ponto qualitativo (núcleos e serviços subjacentes) teve melhora marginal. “Acho que houve desconforto no curto prazo, mas de forma estrutural a pressão não é tão altista” para os juros, avalia.

Já o meio e a ponta longa da curva se descolaram dos Treasuries e mantiveram viés de baixa, também próximo dos ajustes anteriores, com o entendimento de que os prêmios já estão elevados e refletem as incertezas em torno do fiscal. O alívio na curva também teve amparo do câmbio, visto que o real teve a melhor performance entre seus principais pares emergentes.

“Boa parte dessa resiliência da ponta longa de juros é porque o mercado de moedas aqui não estressou tanto quanto lá fora”, diz. Segundo operadores, a iminência do anúncio do pacote de corte de gastos justifica o descolamento do real: o dólar fechou a R$ 5,8081 (+0,04%), enquanto o peso mexicano se desvalorizou 2% ante a moeda americana.

Por Caroline Aragaki

Estadão Conteúdo

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