Categories: Economia

Agricultores franceses protestam contra acordo Mercosul-UE

Agricultores franceses protestaram na terça-feira, 12, contra o acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul, que aumentaria as importações agrícolas da América do Sul. A UE e o bloco comercial, composto por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, chegaram a um acordo inicial em 2019. No entanto, as negociações enfrentam resistência de agricultores e governos europeus.

O protesto em Aurillac, no sul da França, marcou o início de uma nova onda de manifestações, que deve se espalhar pela comunidade agrícola europeia, em meio ao receio de que o acordo possa ser finalizado na cúpula do G20 no Brasil, nos dias 18 e 19 de novembro, apesar de a ministra da agricultura francesa, Annie Genevard, afirmar ser “altamente improvável”.

Em entrevista à TF1, ela disse: “Não queremos esse acordo porque ele é prejudicial. Ele trará produtos, incluindo substâncias proibidas na Europa, ao custo do desmatamento, e competirá de forma injusta com nossa produção doméstica.”

Contudo, grupos agrícolas não se convenceram com a declaração da ministra. Na semana passada, manifestantes franceses bloquearam o edifício estatal na comuna de Niort, enquanto na segunda-feira, as duas principais organizações agrícolas do bloco Copa-Cogeca enviaram uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pedindo que rejeitasse o acordo Mercosul e adotasse “uma política comercial coerente”. Além disso, mais de 600 parlamentares franceses publicaram uma carta aberta à von der Leyen, no jornal Le Monde, dizendo que as condições para o acordo “não foram atendidas”.

As preocupações dos agricultores europeus consideram que as normas ambientais são excessivamente rigorosas na UE, enquanto o acordo com o Mercosul poderia inundar o mercado com importações da América do Sul produzidas com padrões ambientais e trabalhistas inferiores, segundo Véronique Le Floch, presidente da Coordination Rurale, segundo maior sindicato de agricultores da França. “Se o acordo Mercosul for assinado, será o fim da nossa agricultura”, disse.

Enquanto isso, os maiores sindicatos prometeram ação. A Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA, na sigla em francês), o maior sindicato do país, convocou protestos nacionais assim que a temporada de plantio de inverno terminar, em meados de novembro. A Coordination Rurale prometeu “uma revolta agrícola” a partir de 19 de novembro em Auch e Agen, duas cidades no sudoeste da França, enquanto a Confédération Paysanne, conhecido por sua postura anti-globalização, também planeja ações contra “acordos de livre comércio.”

Agricultores na Bélgica também convocaram manifestações próximas à sede da UE em Bruxelas nesta quarta-feira. Fonte: Associated Press

Por Associated Press

Estadão Conteúdo

Recent Posts

Deutsche Telekom eleva orientação após lucros superarem previsões, e ação sobe 3%

A Deutsche Telekom elevou a sua orientação para o ano inteiro depois de reportar um…

2 horas ago

Fabricante de chips AMD cortará força de trabalho global em 4%

A Advanced Micro Devices (AMD) informou nesta quinta-feira, 14, que reduzirá sua força de trabalho…

2 horas ago

Minha Casa Minha Vida pode chegar a 2,3 milhões de unidades até o fim de 2026, diz ministro

O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, disse nesta quinta-feira, 14, que o programa Minha…

3 horas ago

Nvidia prepara tecnologia para apoiar fabricação de robôs humanoides no 1º semestre de 2025

A Nvidia deve lançar no mercado sua nova tecnologia para ajudar na fabricação robôs humanoides…

3 horas ago

Cisco Systems registra queda em lucro e receita no 1º trimestre fiscal

A Cisco Systems registrou receitas e lucros mais baixos no primeiro trimestre fiscal, mas os…

3 horas ago

Governo da Itália reduz participação no banco mais antigo do mundo

O governo italiano reduziu a sua participação no Banca Monte dei Paschi di Siena em…

3 horas ago