Sem apoio das principais ações de commodities, o Ibovespa se inclinou à progressão do dólar e da curva de juros na última sessão da semana, tendo chegado a ficar perto de zerar os ganhos do intervalo. Ao fim, limitou a perda da sessão a 0,22%, aos 130.499,26 pontos no fechamento. O vencimento de opções sobre ações colocou o giro a R$ 22,1 bilhões nesta sexta-feira, 18. Na sessão, o Ibovespa flutuou dos 130.121,08 aos 131.724,66 pontos, saindo de abertura aos 130.793,49 pontos. Na semana, teve leve ganho de 0,39%, após perdas de 1,37% e de 0,71% nos intervalos anteriores. No mês, o índice recua 1,00% e, no ano, cede 2,75%.
Os carros-chefes da B3, Vale (ON -0,35%) e Petrobras (ON -0,54%, PN -0,27%), não contribuíram para desempenho favorável do Ibovespa nesta última sessão da semana, em dia misto para o minério de ferro na Ásia e negativo para o petróleo, em Londres e Nova York.
“Desde a notícia de que Israel não atacaria as regiões de produção de petróleo do Irã, as preocupações sobre a oferta global diminuíram gradualmente, derrubando os preços. No entanto, o mercado ainda mantém cautela em relação a novos desdobramentos do conflito, que podem reacender a volatilidade no setor de energia”, diz Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research.
A administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está tentando aproveitar a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, para pôr fim à guerra em Gaza, mas Israel e o grupo extremista sinalizam que ainda não estão prontos para interromper os combates. O secretário de Estado, Antony Blinken, planeja ir a Israel e, provavelmente, a outros países do Oriente Médio na próxima semana, o que seria a sua 11ª viagem à região desde o ataque do Hamas em outubro de 2023.
“Hoje foi um dia de agenda relativamente esvaziada, no exterior como também no plano doméstico. O Ibovespa Futuro sinalizava abertura em alta, e o início da sessão foi bom, depois de dados um pouco mais positivos na China entre os quais o PIB. Mas a situação fiscal no Brasil segue no radar, como fator de preocupação que tem pesado também no câmbio. Um dia sem muitas novidades, que acabou sendo puxado pelo ajuste nas commodities, com o petróleo reagindo a certa distensão no Oriente Médio”, diz Bruna Centeno, sócia e advisor da Blue3 Investimentos, destacando o efeito do dólar, negociado a R$ 5,7029 na máxima desta sexta, e com fechamento em nível ainda elevado, de R$ 5,6989, em alta de 0,69% na sessão.
Por outro lado, “apesar de alguns indicadores da China terem vindo acima das expectativas, como a produção industrial e as vendas no varejo, o mercado ainda está cético quanto ao potencial de recuperação sustentável do país, o que afeta diretamente setores como mineração e petróleo”, observa Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.
Para Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, o bom começo de sessão na Bolsa deu lugar a viés negativo em dia no qual, na falta de uma agenda consistente, prevaleceu ainda a preocupação fiscal. Dessa forma, o cenário interno se impôs em parte ao externo, com efeito direto para a abertura observada na curva do DI ao longo da sessão, e que se reflete em especial nas ações cíclicas, particularmente sensíveis a juros. Assim, o índice de consumo (ICON) cedeu 0,29%, enquanto o de materiais básicos (IMAT), correlacionado ao exterior, subiu 0,45%.
Na ponta perdedora do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Carrefour (-4,25%), Brava (-3,53%), Vivara (-3,15%) e Pão de Açúcar (-3,06%). No lado oposto, Marfrig (+5,97%), LWSA (+3,45%), Minerva (+3,12%) e Eneva (+2,05%). O alinhamento em alta da maioria das ações dos grandes bancos em direção ao fechamento contribuiu para a limitação de perdas do Ibovespa no fim do dia. Destaque para Bradesco PN (+0,79%) e exceção para BB (ON -0,11%).
O quadro das expectativas do mercado financeiro para o desempenho das ações no curtíssimo prazo ficou mais equilibrado no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, aparando o excesso de otimismo visto nas últimas edições. Entre os participantes, a expectativa de alta, que na pesquisa anterior tinha fatia de 71,43%, teve forte queda, para 28,57%, enquanto a de estabilidade subiu de 28,57% para 42,86%. A previsão de baixa, que não aparecia na semana passada, desta vez teve 28,57% das respostas.
Por Luís Eduardo Leal
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