O Ibovespa ensaiou retomar os 132 mil pontos nos melhores momentos da tarde desta quarta-feira, 16, parecendo então a caminho do maior nível de fechamento em duas semanas, mas mostrou avanço menor com a virada no câmbio e também na curva de juros doméstica, do meio para o fim da etapa vespertina.
Assim, o índice da B3 encerrou ainda em alta de 0,54%, aos 131.749,72 pontos, sem quebra de ganhos nas últimas três sessões, em sequência não vista há quase dois meses, desde o intervalo entre 19 e 21 de agosto. O giro foi a R$ 51,7 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa.
Na semana, o Ibovespa sobe 1,35%, quase zerando a perda do mês (-0,05%). No ano, o índice da B3 recua 1,82%.
Nesta quarta-feira, o Ibovespa oscilou entre mínima de 130.780,18 e máxima de 132.232,66 pontos, saindo de abertura aos 131.044,57 pontos. Em dia de vencimento de opções sobre o índice, a ponta compradora se impôs à vendedora, trazendo o Ibovespa um pouco mais para cima a despeito da falta de contribuição do câmbio na sessão – em alta de 0,14%, a R$ 5,6651 – e da curva do DI, que se firmou em alta. Dessa forma, os ganhos do dia na B3 foram assegurados em boa medida pelo avanço de Vale (ON +1,91%), a ação de maior peso no Ibovespa, e pelo desempenho de uma parcela dos grandes bancos, à exceção de Itaú (PN -0,60%) e Bradesco PN (-0,33%).
Na noite da terça, a Vale divulgou relatório que trouxe a informação de que a produção de minério de ferro do terceiro trimestre foi a maior desde o quarto trimestre de 2018. A companhia entregou 90,971 milhões de toneladas (Mt), um aumento de 5,5% em relação ao mesmo período de 2023 e de 12,9% sobre o segundo trimestre, reporta do Rio a jornalista Juliana Garçon, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Na ponta ganhadora, destaque para Embraer (+6,74%), Azul (+3,91%) e Vamos (+3,88%). No lado oposto, LWSA (-2,25%), IRB (-1,66%) e Azzas (ON -1,59%).
“Nas bolsas, houve um dia mais positivo em Nova York – o que ajudou a B3, que tem convivido com a volatilidade nos DIs”, diz Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destacando a reversão, na terça, entre a ponta curta e a longa da curva de juros, com vencimentos mais curtos, como os de 2026, 2027 e 2028, pagando então mais do que prazos como o de 2031. “Hoje veio uma certa reversão desse movimento, com os vencimentos de curto prazo subindo menos. Mas ainda há volatilidade”, acrescenta. Faust chama atenção também para a variação do câmbio, com o dólar mudando de direção entre o que se viu pela manhã e à tarde.
O dólar e a curva de juros futuros têm oscilado, em especial, pelas expectativas em torno da condução fiscal por parte do governo, e alguns sinais recentes têm apontado em direção a uma maior “austeridade”, observa Idean Alves, sócio da Aware Investments, referindo-se à possibilidade de o governo vir a confirmar em breve um pacote de cortes de gastos – “medida que pode ajudar a sustentar o arcabouço fiscal, segundo o ministro Fernando Haddad Fazenda”, acrescenta o especialista.
Tal percepção, contudo, mostrou algum sinal de enfraquecimento ao longo da
tarde. Mais cedo, Haddad havia negado que as estatais sairiam do arcabouço – e reiterou então que o mecanismo terá vida longa. Mas as palavras do ministro têm sido ouvidas com alguma pitada de sal pelo mercado, à espera do fato: cortes e ajustes concretos, o que passa por deliberação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quarta, reporta o jornalista Matheus Piovesana, do Broadcast, em reunião de Lula e Haddad com dirigentes dos maiores bancos e da Febraban, a percepção de participantes do encontro foi a de que Lula dará ganho de causa a Haddad nos temas fiscais – o que agrada ao mercado.
Além das questões domésticas, o comportamento do câmbio tem refletido também as incertezas em torno da eleição americana, especialmente após as mais recentes declarações protecionistas, com promessas de taxações de importações, feitas pelo candidato republicano, Donald Trump, com efeito para emergentes e respectivas moedas, como o real, diz Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.
Por Luís Eduardo Leal
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