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Taxas de juros sobem com mal-estar fiscal após novo relatório de receitas e despesas

A decepção do mercado financeiro com a nova projeção de receitas e despesas de 2024 do governo justifica a abertura e inclinação da curva de juros doméstica, com o DI para janeiro de 2029 tendo taxa próxima dos maiores níveis em um ano e meio. Da nova projeção de déficit para este ano, de R$ 68,8 bilhões, a maior parte – R$ 40,5 bilhões – não está contabilizada na medição do cumprimento da meta fiscal, e a coletiva de imprensa do Ministério do Planejamento não acalmou os investidores.

Em segundo plano, o boletim Focus trouxe revisões para cima na taxa Selic e na inflação, contribuindo com o estresse visto nas taxas de contratos de depósito interfinanceiro (DIs). A curva precifica mais de 80% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em novembro e dezembro.

A taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu a 12,240%, de 12,190% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2027 fechou em alta a 12,345%, de 12,252%, e o para janeiro de 2029 foi para 12,475%, de 12,374% no ajuste anterior.

“Mais um dia de estresse, de aumento de prêmio na curva que tem a ver com expectativas fiscais. A entrevista comentando o relatório bimestral não convenceu. Parece que o governo está fazendo uso de manobras contábeis para poder atingir a meta, superestimando receitas extraordinárias e subestimando os gastos”, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.

Na avaliação do Barclays, o governo brasileiro desperdiçou a oportunidade de transmitir um compromisso mais forte com a consolidação fiscal ao anunciar uma redução líquida no esforço fiscal necessário este ano para atingir o limite inferior de sua meta primária ajustada, apesar da deterioração adicional no déficit primário total.

O valor total de cortes (bloqueio + contingenciamento) caiu de R$ 15,0 bilhões no relatório bimestral de julho para R$ 13,3 bilhões agora, destaca o Barclays. Embora o bloqueio tenha aumentado de R$ 11,2 bilhões em julho para R$ 13,3 bilhões, o contingenciamento foi reduzido de R$ 3,8 bilhões para zero.

Em entrevista para detalhar a medida, os integrantes da equipe econômica se apegaram aos ensinamentos do livro-texto, sem detalhar, no entanto, como atuariam de forma prática para compatibilizar tamanho extravasamento com a sustentabilidade da dívida, mostrou o Broadcast.

O estrategista-chefe da EPS Investimentos considera que o relatório Focus, com revisão para cima no nível da taxa Selic (de 11,25% para 11,50% no fim de 2024) e da inflação (com mediana para IPCA de 2025 subindo de 3,95% para 3,97%, contra 3,93% um mês antes) também ajuda a deixar os DIs em alta.

Por Caroline Aragaki

Estadão Conteúdo

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