Enquanto 108 empresas – que somaram 113 pedidos – correm para se adequar à regulação imposta ao setor de apostas esportivas, que valerá a partir de 1º de janeiro de 2025, a venture builder americana Cronwstone Ventures está buscando aquelas que estão à margem do processo.
A ideia é comprar o controle de bets que não têm estrutura e capital para atender as exigências do governo, fundi-las e formar novas casas, que deverão gerar cerca de R$ 30 milhões de depósitos mensais cada uma. Para isso, tem em caixa R$ 50 milhões neste ano e projeta ter mais R$ 300 milhões para alocar em 2025. O capital vem de investidores suíços e americanos.
Para obter a licença junto ao Ministério da Fazenda, as casas de apostas têm de desembolsar R$ 30 milhões e manter R$ 5 milhões de reserva financeira. Atualmente, há, no Brasil, mais de 3.000 bets, conforme as estimativas da Cronwstone Ventures – e a grande maioria não está se licenciando. “O Brasil criou uma estrutura que tira o amador do mercado”, diz Brunno Galvão, CEO da empresa.
A Cronwstone Ventures montou a própria casa de apostas, Elisa.Bet, que colocou no ar após a aprovação, na Câmara dos Deputados, da lei que regulamentou as apostas esportivas online, em dezembro de 2023. “Apesar de nossa tese de investimento, não queríamos fazer um movimento enquanto o mercado não fosse legalizado”, diz o executivo.
O licenciamento dá direito a três marcas. Sob o guarda-chuva de cada uma delas, a venture builder planeja consolidar entre seis e dez bets, criando novas marcas.
No radar, estão cerca de 300 firmas que não têm capital para obter a licença, mas fazem “um bom trabalho”, com equipe eficiente, tecnologia adequada ou um modelo de negócio interessante, comenta.
“Estamos olhando para empresas que não têm dinheiro para entrar na regulamentação, mas recebem depósitos de até R$ 100 milhões por ano”, contou o executivo. “As marcas formadas a partir daí deverão ter aproximadamente quatro milhões de jogadores em sua carteira.”
Além de casas de apostas online, a Cronwstone está de olho em outros players, meios de pagamento, comunidades de afiliados e soluções de tecnologia para o setor.
Estas comunidades são firmas formadas por intermediários que geram negócios para as bets, ganhando comissões para vender apostas. A primeira aquisição da Cronwstone no Brasil foi justamente de uma dessas, a NoHype, no ano passado, por R$ 6 milhões. Na época, a firma tinha 6 mil membros, conta Galvão, e agora são 13 mil.
“Hoje, os afiliados representam 35% da geração de receitas”, estima o executivo, apoiado em pesquisas do setor. “É um modelo de negócio que está começando no Brasil.”
Galvão compara o momento vivido pelo setor no País com o início da fase das startups no mundo. “Estamos vivendo um momento que é a corrida do ouro do século”, comenta. Conforme estimativas do mercado, diz, as apostas no Brasil alcançarão R$ 180 bilhões em 2030.
Embora a regulamentação seja recente, a atividade deixou de ser ilegal no fim de 2018, com uma lei sancionada pelo ex-presidente Michel Temer. Mas foi em 2020, com o lançamento do Pix, que as apostas online explodiram, diz Brunno Galvão, em virtude da facilidade de fazer transferências imediatas.
Segundo ele, no ano passado, o Brasil foi o país que mais teve acessos a sites de apostas, com três bilhões, seguido por Reino Unido e Nigéria. As receitas das bets alcançaram entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões, diz, citando relatório da XP Investimentos que usa o agregador de plataformas de BNL. O executivo afirma ainda que estimativas do mercado dão conta de que 90% das receitas são convertidas em prêmios aos apostadores.
Por Juliana Garçon
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