A confirmação de que Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central, substituirá Roberto Campos Neto na presidência da autarquia em 2025 deu impulso ao Ibovespa do meio para o fim da tarde. Até então, o índice da B3 orbitava a estabilidade na sessão, indeciso entre ganho e perda, e a definição levou os investidores a compras na B3, conduzindo o Ibovespa a novos recordes no intradia como no fechamento, agora na casa de 137 mil pontos.
No novo pico intradia, o Ibovespa foi nesta quarta-feira aos 137.469,26 pontos, e encerrou em alta de 0,42%, aos 137.343,96 pontos, saindo de mínima a 135.746,40 e de abertura aos 136.775,91 pontos. Pela terceira sessão consecutiva, o Ibovespa testou o nível dos 137 mil, visto pela primeira vez durante o pregão da última quarta-feira, 21. O giro financeiro foi a R$ 19,8 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa avança 1,28% e no mês, 7,59%. No ano, o ganho é de 2,35%.
Ponto positivo do dia desde mais cedo, Petrobras ON avançou nesta quarta 2,27% e a PN, 1,43%, o que compensou a realização parcial em Vale (ON -0,72%), que ontem havia subido 3% com a definição do nome do futuro CEO da mineradora. Além de Petrobras, as ações dos grandes bancos também ganharam impulso na sessão com Galípolo para o comando do BC – destaque para Itaú (PN +2,16%) e Bradesco (ON +1,29%, PN +1,62%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, além de Petrobras ON e de Itaú, destaque também para Marfrig (+2,60%), Cemig (+2,30%) e Embraer (+1,93%). No lado oposto, São Martinho (-4,06%), Lojas Renner (-3,76%) e Usiminas (-3,41%).
“A definição do nome traz previsibilidade. Obviamente as próximas falas do Galípolo serão ainda mais monitoradas, com peso cada vez maior. Ele já vinha se posicionando de forma mais positiva com relação a Selic e inflação”, observa o economista Paulo Henrique Duarte, da Valor Investimentos.
“Daqui até a posse, é que as declarações de Galípolo farão mais preço. De certa forma, veio a confirmação de um nome que já era esperado pelo mercado – é um desfecho que já vinha sendo precificado, não surpreende”, diz Felipe Castro, sócio da Matriz Capital. “Ironicamente, ele deve assumir no momento em que o desajuste fiscal do governo deve levar os juros a retomar trajetória de alta, com consenso do mercado apontando Selic ao redor de 12%”, acrescenta.
“Vai ser interessante ver o discurso do governo diante da alta da taxa de juros sob a presidência de um indicado pelo próprio governo”, acrescenta Castro, referindo-se ao fogo cerrado a que foi submetido Campos Neto em sua presidência, durante os anos que coincidiram com o governo Lula, desde janeiro de 2023.
“Desde o ano passado, o mercado já trabalhava com a hipótese de Galípolo na presidência do BC. E houve uma certa mudança de percepção em relação ao diretor de política monetária. No passado, o mercado entendia que Galípolo sucumbiria a pressões do governo. Falava-se até em ‘Tombinização’ do BC”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, referindo-se a Alexandre Tombini, presidente do BC no governo de Dilma Rousseff, a quem teria submetido a orientação da política monetária, então considerada muito frouxa.
“A postura que Galípolo assumiu recentemente, mais dura com relação à inflação, reduziu essa percepção”, acrescenta a economista. “E um nome diferente do de Galípolo, nesse momento em que o mercado já havia se acomodado ao que já era visto como a mais provável indicação para a presidência do BC, poderia trazer uma desconfiança desnecessária”, conclui Camila. Ela destaca, também, que a alta de juros aguardada para o intervalo de setembro a dezembro deste ano será monitorada de perto. “O mercado assistirá com bastante atenção o posicionamento do indicado.”
Por Luís Eduardo Leal
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