O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, atualmente presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacou a importância da transparência e da ação rápida que, em sua visão, vêm sendo adotadas pelo setor e pelo governo federal após a descoberta de um caso da doença de newcastle em uma granja comercial de frangos em Anta Gorda (RS), na semana passada.
Turra lamentou o ocorrido, ressaltando a gravidade da situação, mas observou que, felizmente, as demais investigações não apontaram a existência de novos casos. “Minha recomendação é para que as embaixadas conheçam tudo sobre o assunto, é hora da transparência. As embaixadas serão as primeiras a informar e atestar aos importadores o que acontece no Brasil”, disse ele, ontem à tarde (22), durante reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O presidente do conselho executivo da ABPA reforçou que, embora o impacto possa ser significativo, medidas rápidas e eficazes são essenciais. Ele citou a adoção de autoembargos pelo País. “Um caso é só um caso, mas pode levar meses para reabrir mercados. Por isso, tem de haver ação como está acontecendo agora”, afirmou.
Também presente ao encontro, o presidente da ABPA, Ricardo Santin, defendeu o trabalho que tem sido feito pelo governo federal em parceria com o setor produtivo para lidar com o caso. “Nós vamos reabrir os mercados um por um graças ao trabalho do ministro Favaro (da Agricultura)”, disse.
China
O secretário de Comércio e Relações Internacionais (SCRI), do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, revelou, na mesma reunião, que o governo brasileiro recebeu a indicação de que a China dará uma resposta em até 15 dias sobre a volta dos embarques da carne de frango brasileira. Desde a descoberta do caso da doença de newcastle na granja comercial de Anta Gorda (RS), foram realizadas duas reuniões com representantes chineses, de acordo com Perosa. Na sexta-feira passada, o governo brasileiro anunciou a suspensão cautelar e temporária das exportações de produtos avícolas à China.
“Tivemos duas reuniões online com a China para tratar da Newcastle. Na última, apresentamos medidas e nos disseram que darão uma resposta em 10 a 15 dias para liberar o mercado”, disse Perosa, na Fiesp.
A China é o principal destino da carne de frango do Brasil. No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou 276,1 mil toneladas de carne de frango para a China, com receita de US$ 600,9 milhões, participação de 13% na receita e 11% no volume total embarcado, de acordo com os dados do Agrostat, sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.
Perosa também destacou que o ministério tem conversado com os diferentes mercados para explicar o caso e reduzir as áreas de restrição que estão sendo adotadas. Um caso bem-sucedido, citou, é o da União Europeia (UE), para a qual o autoembargo chegou a vigorar para a carne de frango de todo o País. “No caso da União Europeia, quem dita a zona de segurança em caso de newcastle é o Brasil. Nesse momento, agora estamos no raio de restrição do Rio Grande do Sul. A próxima etapa é ir para o raio de 10 quilômetros”, afirmou.
Perosa também buscou destacar a eficiência e a transparência como pilares do sucesso do Brasil no comércio internacional, com ações rápidas que ajudam a garantir ao Brasil a ocupar quase 40% do mercado mundial de carne de frango. O discurso foi reforçado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “A régua da sanidade animal do Brasil é muito alta. É um grande ativo nosso”, disse ele na reunião.
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Por Leandro Silveira
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