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Juros: taxas sobem com piora da percepção fiscal e risco externo

Os juros futuros fecharam a quinta-feira em alta, pressionados pela piora de risco fiscal ditada pelo pessimismo em torno do ajuste no Orçamento que será trazido no relatório bimestral do dia 22. Na reta final da sessão, o avanço perdeu ritmo após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informar que a contenção será no valor de R$ 15 bilhões. A nova rodada de deterioração do câmbio também pesou sobre a curva diante do impacto que pode representar para o cenário inflacionário. A partir do meio da tarde, os rendimentos dos Treasuries passaram a renovar máximas, adicionando pressão à curva local.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,645%, de 10,608% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia a 11,31%, de 11,18% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 subia de 11,44% para 11,57% e a do DI para janeiro de 2029 avançava de 11,78% para 11,90%.

O mercado vem elevando o peso do papel do ajuste a ser trazido pelo próximo relatório bimestral para o cumprimento da meta fiscal em 2024, em função do ceticismo sobre o potencial de elevação das receitas que serviriam para compensar eventual corte menor nas despesas. Havia receio de que o ajuste a ficasse abaixo de R$ 10 bilhões. “Seria aceitável algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. O mercado está tentando antecipar o que virá”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos Investimentos, lembrando que o que é visto como ideal é algo acima de R$ 20 bilhões.

O valor de R$ 10 bilhões é o piso das estimativas na pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast sobre qual deve ser o valor, cuja mediana aponta para R$ 12 bilhões. O teto é de R$ 25 bilhões. Porém, o ajuste total visto como necessário para que o governo atinja o máximo de déficit possível sem descumprir o novo arcabouço fiscal, ou seja, um saldo negativo de 0,25% do PIB, é de R$ 26,40 bilhões (mediana).

No fim do dia, Haddad anunciou que a contenção será de R$ 15 bilhões para cumprimento do arcabouço fiscal neste ano. Serão R$ 11,2 bilhões de bloqueio, por causa de um gasto acima do limite de 2,5% previsto pelo arcabouço, e R$ 3,8 bilhões de contingenciamento, por causa da frustração de receitas em função das pendências junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Senado, já que a decisão sobre a compensação da desoneração ficou para setembro. “Tomamos a decisão de já incorporar uma eventual perda em função desse adiamento para contemplar o arcabouço fiscal dentro da banda prevista na LDO. São R$ 3,8 bilhões de contingenciamento e R$ 11,2 bilhões de bloqueio, totalizando R$ 15 bilhões”, disse Haddad.

A pressão do câmbio foi outro vetor de estresse para os DIs. O dólar fechou nos R$ 5,5881, com o real sendo penalizado junto com outras moedas emergentes ante o dólar e pela piora na percepção sobre as contas públicas.

Na segunda etapa, o exterior entrou em cena para renovar as máximas na curva doméstica, com a taxa da T-Note de dez anos voltando a tocar os 4,20%, em meio a um leilão de US$ 19 bilhões em tips de 10 anos com demanda abaixo da média e ruídos relacionados à eleição presidencial nos EUA. Cresceu a pressão democrata para que o presidente Joe Biden abandone a disputa.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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