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Sindicato encomenda estudo sobre valuation e investimentos na privatização da Sabesp

O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) divulgou nesta quinta-feira, 27, um estudo encomendado pela entidade sobre os parâmetros utilizados para a oferta de ações que vai privatizar a Sabesp. O documento, que será enviado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) nos próximos dias, questiona o cálculo do valuation utilizado pelo governo de São Paulo para precificar a operação e o volume de investimentos que devem ser feitas pela companhia nos próximos anos.

Na análise, o economista André Locatelli calcula que o valor justo por ação da Sabesp seria de R$ 103,90, 44% maior do que o preço de R$ 72 usado como base pelo governo paulista no prospecto da operação. O papel encerrou o pregão desta quinta em R$ 76,25, com queda próxima de 3% após altas recentes.

O economista chegou a esse valor ao trazer o fluxo de caixa futuro da empresa a valor presente, o que representa a cifra de R$ 90,556 bilhões. Com o desconto da dívida líquida da companhia (R$ 19,536 bilhões), o valor somou R$ 71,019 bilhões, que divididos pelo número de ações (683.509.869 ações ordinárias), atinge R$ 103,90 por papel.

Investimentos

O documento aponta ainda ser pertinente questionar o dimensionamento dos investimentos que devem ser feitos pela companhia nos próximos anos e também entram na conta da privatização. Para alcançar a universalização dos serviços de saneamento do Estado de São Paulo o plano regional indica a necessidade de movimentar cerca de R$ 321 bilhões.

Entre 2024 e 2029, o aporte anual seria de R$ 10 bilhões, em média. A partir de 2030 até 2060, seria reduzida para R$ 8 bilhões. O estudo questiona o fato de estes valores serem muito superiores à média histórica. Nos últimos 12 anos, foram cerca de R$ 5,3 bilhões investidos por ano pela Sabesp.

Críticas

As críticas foram endossados também pelo representante do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), Amauri Pollachi, assim como por Hugo de Oliveira, ex-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) e o advogado Rubens Naves, sócio-fundador do Rubens Naves Santos Júnior Advogados.

Em coletiva de imprensa, criticaram a falta de transparência no processo de privatização e expectativa de baixa competitividade na operação. Na quarta-feira, a Aegea desistiu de apresentar proposta para ficar com 15% da Sabesp e se tornar acionista referência da empresa, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Com isso, só a empresa de energia Equatorial entregou a documentação para participar da disputa.

O advogado Rubens Naves defendeu a intervenção do poder judiciário no processo, para que haja uma audiência pública, de forma a se pensar em uma alteração do modelo da privatização. “Não houve debate regulatório e por isso é importante a intermediação do poder judiciário para que haja debate esclarecedor e profissional”, afirmou.

Por Elisa Calmon e Cynthia Decloedt

Estadão Conteúdo

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