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Para Federarroz, recuo do governo em leilão da Conab é ‘reconhecimento de grande erro’

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, afirmou que o recuo do governo ao anular o leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para compra de arroz importado representa o “reconhecimento de um grande erro”. Velho criticou as irregularidades identificadas no leilão, como a participação de empresas externas ao setor, e afirmou que “não há a mínima necessidade” técnica para a compra de arroz importado.

Ele aponta que houve um aumento da produção e da área plantada no início deste ano, capaz de compensar as perdas da quebra de safra gaúcha em 2023/24. Estima que 85% da safra havia sido colhida antes dos eventos climáticos extremos, o que indica perda de apenas 15% da produção.

Além disso, segundo o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), a colheita da safra 2023/24 deve ficar em 7,14 milhões de toneladas, mesmo com as perdas pelas inundações de maio. “O número é bem próximo ao registrado na safra anterior, de 7,23 milhões de toneladas”, avisava o Irga, no fim de maio.

De acordo com ele, os problemas na oferta ocorreram por questões de logística, com bloqueio de estradas no Rio Grande do Sul, que levou os produtores a deixarem de atender temporariamente o varejo. “Mas temos um bom porcentual de abastecimento e o mercado mostra sinais de estabilidade, com normalização da logística e dos preços em torno de R$ 5 a R$ 6”, aponta.

Velho afirmou que o leilão seria um “balde de água fria” no desenvolvimento do setor arrozeiro no Brasil e diz esperar que o governo não insista em comprar arroz importado para baixar os preços locais. “Somente a Índia tem preços do arroz a R$ 4. Este valor está abaixo do custo de produção e a indústria não consegue repassar ao consumidor”, alertou. “Isso pode comprometer o setor e autossuficiência do Brasil na produção de arroz.”

O presidente da Federarroz acredita que a faixa de preços brasileira atual ainda mantém o arroz como produto “inclusivo” na cesta básica, junto ao feijão à salada, e argumenta que o produto importado da Ásia não tem a mesma qualidade da produção nacional.

Por Laís Adriana

Estadão Conteúdo

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