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Governo vai sentar com líderes em busca de compensação para a desoneração, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira que o governo vai discutir com o Congresso a medida provisória que limita o uso de créditos tributários relacionados ao PIS/Cofins pelas empresas. De acordo com ele, o gasto tributário com essa ferramenta subiu quase 300% nos últimos três anos, e o governo precisa corrigir o que considera uma distorção tributária.

“Nós vamos sentar com os líderes, como sempre fizemos, em busca de uma compensação para a desoneração, que foi reafirmada pelo Congresso Nacional e respeitando uma decisão do Supremo Tribunal Federal”, disse Haddad a jornalistas ao deixar uma reunião na sede do Ministério, em São Paulo.

Segundo ele, a pasta não tem preocupações de uma eventual devolução do texto, que chegou a ser defendida por líderes, dado que, até aqui, as medidas da Fazenda foram votadas pelo Congresso.

O ministro disse que houve “muito mal entendido” sobre os efeitos da MP, em especial entre as indústrias, que segundo ele não serão afetadas. Haddad disse que a MP não tem efeitos financeiros no curto prazo.

O que muda é que a Receita Federal colocará no ar, na semana que vem, um sistema em que as empresas que recolhem tributos pelo regime de lucro real terão de informar os abatimentos que estão obtendo. O sistema utilizará inteligência artificial, de acordo com Haddad.

A Fazenda também deve debater com os setores os efeitos da MP. Haddad disse que era necessário publicar o texto com rapidez para evitar que os setores beneficiados pela desoneração da folha voltassem a ter de recolher impostos pelo regime convencional. Além disso, de acordo com ele, a MP corrige uma distorção. “Quando esse número em três anos foi de R$ 5 bilhões para R$ 22 bilhões, tem alguma coisa errada. É uma MP que abre um processo de discussão.”

Haddad afirmou que o uso dos créditos tributários na atual escala é uma forma de subsidiar “campeões nacionais”, ou seja, empresas de grande porte, o que segundo ele precisa acabar. “Durante dez anos nós tivemos uma perda de receita muito grande, e em virtude não decisões soberanas do Congresso Nacional, mas de uma série de expedientes que foram incluídos na legislação que permitiram essa drenagem”, comentou.

O ministro disse ainda que diante do cenário externo desfavorável, o governo precisa cuidar das contas públicas, tanto pela ótica da despesa quanto pela ótica da receita.

Por Matheus Piovesana e Cícero Cotrim

Estadão Conteúdo

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