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Juros recuam com visão de BC mais comprometido com inflação

A curva de juros perdeu inclinação nesta quinta-feira, 23, resultado de um leve viés de baixa nas taxas da ponta curta e de uma queda firme nos trechos intermediário e longo. O movimento refletiu um ajuste nas apostas do mercado no compromisso que o Banco Central terá com a inflação a partir de 2025. Declarações do diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, reforçando que o Copom está unido no propósito de levar o IPCA para o alvo abriram espaço para o movimento.

Investidores aproveitaram para devolver parte dos prêmios acumulados na curva, após as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) terem subido aos maiores níveis em mais de um mês ontem. Assim, o juro do DI para janeiro de 2025 caiu de 10,399% no ajuste anterior para 10,385%, enquanto o do DI para janeiro de 2027 passou de 11,150% para 11,040% e o do contrato para janeiro de 2029, de 11,639% para 11,490%.

Em uma palestra, Guillen minimizou o racha entre os membros do Copom na última reunião do colegiado, quando uma minoria formada pelos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votou por um corte maior, de 0,5 ponto porcentual, na taxa Selic. Segundo o diretor de Política Econômica, todos os diretores do BC concordam que a política monetária terá de ser mais “mais cautelosa, restritiva e flexível” daqui para a frente.

Para profissionais do mercado, as declarações serviram como um esforço para indicar que a autoridade monetária continuará comprometida com o controle da inflação mesmo a partir de 2025. Assim, abriram espaço para compra de contratos na ponta mais longa da curva, o que explica a perda de inclinação.

“Se você tem a visão de que essa próxima encarnação do BC vai ser um pouco mais comprometida, a ideia é que, se não houver mais cortes da Selic agora, você joga parte desse orçamento para a frente e isso ajuda a ter uma pequena queda na inclinação da curva”, resume o economista-chefe da Terra Investimentos, João Maurício de Lemos Rosal.

Os mandatos do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e dos diretores Carolina de Assis Barros (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta) e Otávio Damaso (Regulação) acabam no fim deste ano. Sete dos noves membros do Copom terão, então, sido indicados pelo atual governo.

Instantes antes do fim do pregão, os juros voltaram a testar mínimas. Segundo profissionais do mercado, o movimento refletiu a expectativa pela regulamentação da meta de inflação pelo governo, após a consultoria Arko Advice ter apurado que equipes do Ministério da Fazenda e do BC trabalham para construir o decreto e publicá-lo até o fim de junho.

Por Cícero Cotrim

Estadão Conteúdo

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