A Nestlé disse nesta quinta-feira, 25, que as vendas recuaram no primeiro trimestre de 2024, a 22,092 bilhões de francos suíços (US$ 24,14 bilhões) ante 23,47 bilhões de francos suíços em igual período do ano anterior. Analistas previam vendas de 22,37 bilhões de francos suíços, de acordo com consenso compilado pela empresa.
As vendas recuaram em todas as regiões, com exceção da América Latica, onde subiram 1,5%, a 3,1 bilhões de francos suíços.
A empresa atribuiu o avanço ao Brasil, “com impulso contínuo para Garoto, KitKat e Nescafé”.
Na América do Norte, as vendas somaram 5,8 bilhões de francos suíços (-7,7%).
Na Europa, as vendas foram de 4,6 bilhões de francos suíços (-5%), enquanto na Ásia, Oceania e África foram de 4,2 bilhões de francos suíços (-9,4%) e na China 1,2 bilhão de francos suíços (-5,9%).
A fabricante suíça de alimentos reportou que as vendas orgânicas aumentaram 1,4% nos primeiros três meses do ano, abaixo do consenso de 2,9% e dos 9,3% registrados em igual período do ano passado.
O crescimento das vendas orgânicas da Nestlé desacelerou acentuadamente nos primeiros meses do ano, já que a demanda do consumidor permaneceu fraca, especialmente na América do Norte, enquanto as interrupções na cadeia de suprimentos continuaram a impedir o aumento dos volumes. Em relação ao crescimento interno real – principal medida do volume de vendas da empresa – a queda foi de 2% no trimestre, enquanto analistas esperavam recuo de 0,5%.
Segundo a Nestlé, o aumento dos preços ficou em uma média de 3,4% no trimestre. A empresa começou a reduzir o ritmo dos aumentos de preços depois de reconhecer no início do ano que a inflação sem precedentes observada nos últimos anos afastou consumidores e afetou a demanda. Assim como outras fabricantes de alimentos, a companhia aumentou seus preços para repassar os custos mais altos, elevando-os em uma média de 7,5% no ano passado, o que levou alguns compradores a migrarem para marcas mais baratas ou a retirarem certos produtos de suas listas de compras.
De acordo com o balanço desta quinta-feira, a empresa enfrenta uma pressão significativa dos consumidores de baixa renda nos Estados Unidos, onde os aumentos de preços nos últimos dois anos e a redução dos pagamentos de assistência nutricional suplementar do país a partir do segundo trimestre do ano passado reduziram o poder de compra. “Isso resultou em certa fraqueza ao longo do segundo semestre do ano passado e vimos isso continuar agora no primeiro trimestre deste ano”, disse o CEO da Nestlé, Mark Schneider.
Para 2024, a Nestlé reiterou que espera um crescimento orgânico de vendas de cerca de 4% e um aumento moderado na margem de lucro operacional comercial subjacente, em relação aos 17,3% registrados no ano passado. Além disso, a companhia prevê que os ganhos por ação subjacentes em moeda constante aumentem entre 6% e 10%.
“Parece que as coisas estão pior do que o esperado”, disseram analistas da Bernstein em nota, destacando que há elementos suficientes no balanço para deixar os investidores de longo prazo preocupados. O crescimento da Nespresso e da Petcare ficou muito aquém das expectativas, o que é importante já que estes devem ser os motores de crescimento do negócio a longo prazo e devem ser menos afetados pelos consumidores norte-americanos preocupados com os preços, disseram.
Por Ana Ritti, com informações da Dow Jones Newswires
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