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Aço Brasil: governo mostrou extrema sensibilidade para a dificuldade que a siderurgia vive

O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a decisão tomada pelo governo nesta terça-feira, 23, de estabelecer cotas de importação para 11 tipos diferentes de produtos siderúrgicos, mostra uma extrema sensibilidade das lideranças do poder público com relação ao momento vivido pela indústria de siderurgia.

“A nossa posição é de reconhecimento ao trabalho que o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), na pessoa do ministro Geraldo Alckmin e do secretário Márcio Fernando Elias Rosa, que mostraram extrema sensibilidade para a grande dificuldade que a siderurgia brasileira está vivendo. Recebemos com bastante otimismo a decisão que foi tomada hoje”, afirmou Marco Polo.

Segundo o executivo, a decisão tomada pelo Brasil acompanha ações que estão sendo realizadas em outras nações. Marco Polo citou como exemplo medidas de restrição tomadas pelos Estados Unidos, União Europeia, Chile, Reino Unido e México. “Todos esses países adotaram medidas para tentar proteger e defender aquilo que é tido como mais importante, que são os mercados internos”.

Segundo Marco Polo, o Instituto Aço Brasil trabalhou ao longo do tempo para mostrar que a necessidade do setor siderúrgico é recuperar a participação do mercado que foi perdida por importações predatórias. Ele acrescentou que a solução por meio da implementação de cotas foi uma alternativa sugerida pelo setor ao governo.

“É uma falácia dizer que o aço chinês é mais barato. O que ocorre é que há uma venda dos produtos chineses abaixo do custo de produção Isso é uma prática predatória. Os dados de consumo na China estão caindo e a produção se mantém, então há uma política de Estado que incentiva a exportação”, acrescentou.

O executivo citou que há trabalhos apontando para a existência de margens negativas nas operações siderúrgicas na China, em torno de US$ 50 a US$ 56 a tonelada exportada do produto. “É deste problema que estamos falando. Não estamos falando sobre arrumar condições para competir com o aço importado. Nós investimos R$ 12 bilhões por ano para ter uma siderurgia moderna. Temos usinas modernas que não devem nada contra nenhuma outra instalada no mundo. Agora… Não dá para competir contra práticas predatórias”, comentou.

Segundo o presidente do Instituto Aço Brasil, a preocupação principal do setor é interromper as importações realizadas de forma incorreta, com margem negativa e perfil predatório. Para Marco Polo, a decisão tomada pelo governo deixa claro que o Brasil “não é terra de ninguém”.

O porta-voz do setor relembrou que em 2023 o volume de importações atingiu um volume total de 5 milhões de toneladas, volume equivalente a 16% da produção nacional e 26% das vendas internas. “Onde isso iria parar?”, indagou.

Questionado sobre quais são as expectativas do setor para a redução das importações de caráter predatório, Marco Polo confirmou não existir dúvidas de que haverá uma diminuição do volume de produtos com essa característica que chegam ao Brasil, mas a decisão precisa ser avaliada de forma criteriosa para que se entenda de forma detalhada o impacto que ela pode trazer ao segmento siderúrgico.

Por Jorge Barbosa

Estadão Conteúdo

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