As operadoras de planos de saúde registraram lucro líquido de R$ 2,985 bilhões em 2023, segundo dados divulgados hoje pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os dados reportados demonstram que a recuperação do setor ganhou fôlego ao longo do ano passado, tendo em consequência o melhor desempenho econômico-financeiro do setor no período pós pandemia. Em 2022, o lucro líquido total foi de R$ 606,38 milhões.
O resultado equivale a 1% da receita total acumulada ao longo do período, que foi superior a R$ 319 bilhões. Desta forma, a cada R$ 100 de receita, o setor auferiu cerca de R$ 1,00 de lucro ou sobra. Os resultados líquidos nos números agregados por segmento também foram positivos: as administradoras de benefícios registraram lucro de R$ 406,4 milhões; as operadoras exclusivamente odontológicas, de R$ 652,8 milhões; e as médico-hospitalares, de R$ 1,93 bilhão.
O principal indicador que explica o desempenho nas operadoras médico-hospitalares, a sinistralidade, ficou em 87% em 2023 – 2,2 pontos porcentuais abaixo do apurado no ano anterior. Ou seja, 87% das receitas advindas das mensalidades foram usadas com as despesas assistenciais. Estes números são os melhores dos últimos três anos.
O único segmento que registrou um resultado negativo foram as operadoras médico-hospitalares, considerado o principal segmento do setor. Seguindo uma dinâmica já tradicional, as empresas deste segmento encerraram o ano com resultado operacional negativo de R$ 5,9 bilhões.
O prejuízo operacional do segmento foi compensado pelo resultado financeiro recorde de R$ 11,2 bilhões, advindos da remuneração das suas aplicações financeiras, que acumularam quase R$ 111 bilhões ao final do período. O resultado do 4º trimestre isolado é o melhor para um trimestre desde o 1º trimestre de 2021.
“A recuperação está acontecendo, os resultados são melhores do que foi projetado para o setor. Se em 2022 houve prejuízo na casa de R$ 530 milhões no segmento médico-hospitalar, 2023 já trouxe lucro de R$ 1,9 bilhão”, afirma o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Aquino.
O executivo explica que o setor poderia até mesmo ter apresentado números mais altos, mas houve ajustes contábeis significativos em operadoras maiores que tiveram impacto nos resultados gerais. Embora o resultado seja positivo de uma maneira geral, Aquino aponta que é preciso ter uma visão mais ampla do cenário.
“Temos acompanhado atentamente certas dificuldades na gestão das operadoras. Por isso reforçamos que é necessária uma revisão do modelo de gerenciamento e de atendimento, para que elas possam entregar melhores serviços com melhor aproveitamento de todos os seus recursos”, aponta Aquino.
Por Beatriz Capirazi
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