A multinacional norueguesa Hydro, controladora das maiores operações de alumina e alumínio primário no Brasil, projeta reduzir cerca de um terço da intensidade de emissão de dióxido de carbono (CO2) nas operações brasileiras partir de 2025. A previsão é que a meta seja alcançada após a conclusão, neste ano, de dois investimentos que totalizaram R$ 1,6 bilhão e são direcionados, basicamente, à substituição do óleo combustível por gás natural como insumo utilizado na refinaria Alunorte – maior do mundo fora da China. Outra parte importante, de R$ 300 milhões, foi para a instalação de três caldeiras elétricas na mesma planta industrial, as quais terão a energia fornecida pela usina solar de Mendubim, administrada pela subsidiária Hydro Rein.
O movimento da companhia não é isolado. Indústrias como as do aço, cimento e petroquímico, entre outros, estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa, e ainda não encontraram formas de reduzir as emissões durante o processo fabril, daí a opção, na maioria dos casos, por mexer na geração de energia.
Com esses investimentos, a Hydro projeta uma redução de 33% na intensidade das emissões de dióxido de carbono, a partir do ano que vem. A companhia quer sair do patamar atual de 0,65 tonelada de CO2 emitidas por tonelada produzida de alumina, para 0,4 tonelada de CO2 por tonelada produzida. A meta é chegar a 2030 com 0,2 tonelada de CO2 por tonelada de alumina fabricada.
“É uma clara definição de investimentos e também demonstra que queremos diferenciar a nossa alumina do mercado”, disse o vice-presidente de operações da Hydro, Carlos Neves, em entrevista exclusiva ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
Comércio internacional
Além da questão ambiental, outro objetivo da Hydro com a descarbonização é preparar as operações da empresa no Brasil para manter a competitividade da alumina exportada para a Europa, relevante destino dos embarques nacionais do insumo. O movimento acontece em função do CBAM (Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira, em português), regulação que está em vigor de forma transitória desde agosto do último ano e deve exigir dos importadores europeus a apresentação de dados sobre emissões de produtos fabricados fora do continente. Em linhas gerais, quanto maior a pegada de carbono, mais caro ficará a importação.
Nas operações brasileiras, parte da alumina produzida pela Hydro é direcionada para a Albras, subsidiária da multinacional norueguesa (com 51% de participação) e maior produtora de alumínio primário no Brasil. Já o outro restante é exportado. Os principais consumidores do insumo são fundições não totalmente integradas, que precisam comprar a matéria-prima para produzir o alumínio metálico.
Sobre o avanço do ambiente regulatório no Brasil, o vice-presidente sênior de relações externas da Hydro, Anderson Baranov, disse que ainda é prematuro para se posicionar com relação a uma possível implementação de um mecanismo semelhante ao CBAM no Brasil, mas ressalvou que é importante que esses mecanismos sejam bem implementados e levem em consideração as características de cada país e mercado. “Estamos investindo em tudo que podemos para alcançar um alumínio mais verde e logicamente através das associações e entidades de representação poderemos nos posicionar”, acrescentou Baranov, que também é presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), avaliou.
Por Jorge Barbosa
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