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Votorantim tem queda no lucro em 2023, mas caixa de R$ 5 bi para avançar em diversificação

O balanço do Grupo Votorantim trouxe números menos pujantes em 2023 do que no ano anterior. O lucro líquido de R$ 1,8 bilhão do ano passado significou uma queda de 66%, na comparação com os R$ 5,4 bilhões alcançados em 2022. A receita líquida, de R$ 48,5 bilhões, ficou 8% abaixo dos quase R$ 53 bilhões no mesmo período. Porém, o retrato não mostra o filme – ou uma tendência futura -, como defendem os comandantes da Votorantim SA.

O grupo está maior, com negócios em mais áreas e geografias e menos correlacionados. Seus efeitos e sinergias já começam a ser sentidos e devem ter impacto maior nos próximos anos, segundo projeção do grupo.

A Votorantim também continua com grande capacidade de investimento e baixa alavancagem, segundo a empresa. Só em caixa são R$ 5 bilhões. O grupo ainda tem a capacidade de investimento das 12 empresas que é acionista e é grau de investimento pelas três agências de classificação de risco, o que aumenta sua capacidade de alavancar recursos. No fim de 2023, a holding tinha alavancagem em 1,08 vez, com dívida líquida de R$ 10,4 bilhões. Ambos os indicadores ficaram estáveis na comparação com o ano de 2022.

A pedra no meio desse caminho foram efeitos não recorrentes negativos somados a uma dinâmica menos favorável nos negócios expostos a commodities. Os maiores efeitos não recorrentes aconteceram nas subsidiárias Auren e na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).

No caso da geradora e comercializadora de energia, foi registrado no terceiro trimestre um prejuízo contábil de R$ 838 milhões, influenciado pelo pagamento de R$ 1,037 bilhão em impostos (IR/CSLL) referentes ao acordo com o governo para a entrega da concessão da usina Três Irmãos. No ano anterior, o grupo havia registrado efeito não recorrente positivo, com efeitos da venda da operação de aços longos no Brasil, o que ajudou a aumentar a diferença de resultados.

Já no caso da CBA, o efeito não recorrente reportado no quarto trimestre foi relacionado ao ajuste na marcação a mercado dos contratos futuros de energia, que trouxeram perdas contábeis de R$ 639 milhões, embora sem efeito caixa. No período, a subsidiária divulgou prejuízo líquido de R$ 586 milhões. O preço e a demanda do alumínio no ano anterior também foram mais favoráveis.

“Efeitos não recorrentes muitas vezes são não esperados. No caso de Três Irmãos havia uma expectativa, mas não controlamos o tempo que o prejuízo entraria no balanço”, afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o diretor financeiro e de relações com investidores da holding, Sergio Malacrida. O acordo envolvendo a Auren foi firmado no fim de 2022, mas o reconhecimento do pagamento de impostos foi registrado no balanço de 2023.

O Ebitda (geração de caixa medida por lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do Grupo Votorantim somou R$ 9,6 bilhões em 2023, recuo de 8% na comparação com o ano anterior. Pesou sobre os resultados do grupo o desempenho menos favorável das subsidiárias CBA e Nexa (que produz zinco), expostas a commodities. As duas empresas perderam vendas e viram os preços do alumínio e do zinco cair 24% e 17%, respectivamente, o que derrubou as margens operacionais das subsidiárias.

Porém, os negócios de commodities foram compensados pelo desempenho positivo da Votorantim Cimentos, que representou 69% do Ebitda ajustado de todo o grupo em 2023. A produtora de cimentos atingiu recorde de lucros no ano, impulsionado pelo aumento de preços dos produtos nos mercados da América do Norte, Europa e Ásia, além de uma dinâmica de mercado favorável nestas regiões.

Para 2024, a holding tem como estratégia avançar na diversificação geográfica e estuda aumentar a exposição em ativos de setores expostos a negócios de longo prazo. O objetivo do movimento é fortalecer a estabilidade no perfil dos resultados do grupo. Como exemplo, no último ano a Votorantim realizou a aquisição de 5,6% das ações da Hypera, entrando no segmento de saúde.

Sobre o desempenho das 12 empresas ligadas ao grupo, a perspectiva é que os resultados gerais neste ano sejam melhores na comparação com o divulgado em 2023.

Por Jorge Barbosa e Cristiane Barbieri

Estadão Conteúdo

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