A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) recebeu 24 propostas de agências interessadas em assumir a gestão das redes sociais do governo federal. O edital da licitação, aberto em janeiro, prevê pagar um total de quase R$197 milhões por ano para as empresas contratadas.
Segundo o edital, as agências terão que moderar e gerenciar os conteúdos publicados nas redes sociais dos Ministérios e das pastas que integram a Presidência. A Secom quer usar o serviço das agências para identificar os conteúdos que manifestam ideias a favor e contra o governo, além de atender “ao princípio da publicidade e ao direito à informação, por meio de ações de comunicação digital que visam difundir ideias e princípios, posicionar instituições e programas, disseminar iniciativas e políticas públicas, informar e orientar o público em geral”.
Uma das demandas do governo é que as empresas utilizem “técnicas de machine learning e A.I (inteligência artificial) para realizar a análise de sentimento de notícias de interesse do Governo Federal”. Outro requisito para seleção é realizar pesquisas “de alta intensidade” nas redes sociais sobre temas relacionados ao governo. Essas ações mapeiam, por exemplo, a recepção das ações do presidente Lula e de seus ministros no ambiente digital.
Com os contratos, espera-se atingir a população de forma mais ágil e assertiva, além de possibilitar uma comunicação própria voltada para grupos e regiões específicas do Brasil. O valor da licitação será usado pelas empresas no primeiro ano para:
– Prospectar, planejar, desenvolver e implementar soluções de comunicação digital no Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal (SICOM);
– Moderar conteúdos e perfis em plataformas de redes sociais, analisar e desenvolver propostas estratégicas de comunicação a partir de uma base de inteligência de dados;
– Criar e executar projetos, ações e produtos de comunicação digital do SICOM;
– Implementar novas formas de comunicação a fim de expandir os efeitos da ação de comunicação digital do Executivo.
A iniciativa pode beneficiar a aprovação de Lula, que alcançou, neste mês, seu pior resultado desde o início do mandado. O governo, segundo pesquisa do Ipec, é avaliado positivamente por 33% da população, enquanto 32% considera a terceira gestão do presidente ruim ou péssima.
Com grande participação de parlamentares de oposição ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, a direita garante forte engajamento nas plataformas, o que pode colaborar para o grande número de menções negativas em relação a Lula.
No caso da fala do presidente em que ele comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto, 68% das menções, que atingiram em média 59 milhões de pessoas por dia, eram negativas, segundo pesquisa do instituto Quaest.
Por Julia Camim, especial para o Estadão
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