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Decisão tem a ver com busca de balanço robusto e cuidado com alocação de capital, diz Petrobras

O diretor financeiro da Petrobras, Sergio Caetano Leite, disse nesta sexta-feira, 8, que a decisão do Conselho de Administração da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários relativos à 2023 tem a ver com a busca por um balanço robusto e cuidado com alocação de capital. Ainda assim, Leite disse que os recursos travados só poderão servir ao pagamento de proventos no futuro e não para investimentos da companhia.

Leite falou a investidores em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2023. Esse dividendo extraordinário apurado em 2023, no entanto, não tem previsão de pagamento, segundo o executivo.

“Existia folga para pagamento de extraordinário, mas o CA decidiu mandar os recursos para a reserva (de remuneração). Isso se baseia na busca de balanço robusto e cuidado com alocação de capital em anos com esforço de investimento muito grande para a Petrobras. E os anos de 2024 e 2025 terão investimentos expressivos”, disse Leite.

Em seguida, emendou: “Mas essa resposta pode levar a mal entendido. Esse recurso da reserva não pode ser usado para investimento.”

Na sequência, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reiterou a posição e revelou que os conselheiros indicados pela União votaram para o envio de 100% dos recursos (R$ 43,9 bilhões) para a reserva, enquanto os conselheiros privados, chamados “minoritários”, votaram todos pelo pagamento de 100% ao acionista.

Ele, por sua vez, se absteve de votar, mas segundo disse, defendeu a proposta da diretoria de encaminhar 50% para reserva e pagar os 50% restantes aos acionistas.

O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), que antecipou a negativa do CA da Petrobras ao pagamento extraordinário, apurou que o placar da votação foi 6 a 4 pela negativa, com uma abstenção que completou a posição dos 11 integrantes do colegiado.

Leite voltou a negar que a reserva de remuneração, incrementada com a retenção dos dividendos extraordinários de 2023, possa ter outra finalidade que não o pagamento equânime de proventos a acionistas. Ele disse, porém, que não há prazo para a distribuição dos recursos, da ordem de R$ 43,9 bilhões, acontecer.

Minutos depois de dizer que decisão tem a ver com a busca de balanço robusto e cuidado com alocação de capital, destacou também que, entre as explicações, o CA está preocupado com a conjuntura global.

“A reserva não é para investimento, não é para acordo fiscal, não é para cobrir prejuízo, é para pagamento de dividendos à frente. O que não temos ainda é um tempo para isso acontecer. O CA, instância máxima da companhia, está fazendo análises sobre o assunto e se mostrou preocupado com o cenário mundial em 2024 e 2025. É assim mesmo, e quando se sentirem confortáveis, vão fazer” disse Leite.

Preocupação com greve no Ibama

A greve do Ibama está preocupando a Petrobras, disse o diretor de Exploração e Produção da estatal, Joelson Mendes. Segundo ele, a empresa aguarda várias licenças, sendo as mais impactantes as aguardadas para a Margem Equatorial, região que pode ajudar a companhia a aumentar suas reservas de petróleo.

“Sim, você tem razão, é preocupante a greve do Ibama e a gente trabalha com muitas licenças. A mais impactante talvez seja na Margem Equatorial, estamos fazendo um segundo poço e não tem licença para um terceiro poço, e pode vir nos impactar sim”, respondeu Mendes a um analista durante videoconferência sobre o resultado do quarto trimestre do ano passado.

De acordo com Mendes, a área de E&P já está fazendo análises de risco sobre o atraso das licenças, mas não deu detalhes.

Por Gabriel Vasconcelos e Denise Luna

Estadão Conteúdo

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