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Randon: Empréstimo da IFC terá desconto no spread com cumprimento de meta climática

O primeiro financiamento sustentável da Randoncorp, multinacional brasileira do setor de mobilidade, combina meta climática e ganho financeiro. O contrato firmado nesta quarta-feira, 28, na sede do grupo em Caxias do Sul, com a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para o setor privado, prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa de forma escalonada até chegar a 40% nos escopos 1 e 2 em 2030.

Os escopos 1 e 2 referem-se às emissões diretas (1) e indiretas (2) da operação da empresa. Com o cumprimento das metas, o custo do empréstimo será reduzido. Se, em algum ano ao longo do prazo do financiamento, que é de nove anos, a meta não for cumprida, o desconto conquistado pela empresa é suspenso.

Ao Broadcast, o diretor executivo geral da Randoncorp e diretor presidente da Frasle Mobility, Sérgio Carvalho, afirmou que as metas que integram o financiamento sustentável (em inglês, Sustainability-Linked Loan) constam do compromisso ESG (sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança) assumido pela empresa. “No ano de 2021, a Randoncorp divulgou ao mercado cinco compromissos ESG, um deles é a redução da pegada de carbono”, disse Carvalho.

Desconto de 15 pontos-base

O custo do empréstimo de R$ 500 milhões, divulgado por fato relevante nesta quinta-feira tem um spread de 150 pontos-base sobre a taxa CDI, segundo Paulo Prignolato, vice-presidente e diretor financeiro da Randoncorp. Com o cumprimento da meta climática, o spread será reduzido em 15 pontos-base, ou seja, o spread cai para 135 pontos-base. “Assumir o financiamento atrelado às nossas metas ESG reforça nosso comprometimento com ações de sustentabilidade”, afirmou Prignolato ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

Uma das principais iniciativas da empresa que serão beneficiadas com os recursos da IFC é a construção de uma caldeira alimentada por biomassa. O equipamento será instalado na unidade fabril da Frasle Mobility em Caxias do Sul. Segundo a empresa, a “Caldeira Verde” vai diminuir os níveis de consumo de combustíveis fósseis como gás natural, utilizado atualmente.

O projeto tem potencial para redução em 60% das emissões de gases de efeito estufa da Frasle Mobility, o que equivale a uma redução de 20% das emissões consolidadas da Randoncorp. No lugar do combustível de origem fóssil, a companhia vai utilizar chips de madeira certificada, oriunda de reflorestamento, da Região Sul do País.

Wagner Almeida, diretor global de manufatura, agronegócio e serviços do IFC, afirmou que linhas de financiamento como essa ajudam a criar os incentivos corretos, estimular a inovação e desenvolver a mensuração de indicadores ligados às mudanças climáticas. Para chegar aos termos finais do contrato assinado hoje, a IFC e a Randoncorp começaram as conversações há cerca de dois anos, segundo Almeida.

Adiante

Ao longo do contrato com a Randoncorp, o IFC ficará em contato regular com a companhia. “As conversas periódicas ao longo desses nove anos vão nos ajudar a evoluir”, disse Almeida, argumentando que a crise climática é algo relevante e que a ideia é amadurecer novas iniciativas para, no futuro, tornar as metas ainda mais amplas e, inclusive, pensar em formas de incluir o escopo 3. Esse escopo refere-se à pegada de carbono gerada pelos clientes a partir do uso dos produtos de uma empresa.

Sobre o escopo 3, Carvalho afirmou que a Randoncorp não tem uma meta específica mas que, sim, a empresa tem algumas iniciativas que ajudam a reduzir a emissão de gases de efeito estufa pelo usuário final. “Temos feito muito mais do que divulgamos como compromisso público”, afirmou o executivo, mencionando projetos na área ambiental, social e de governança, como um certificado com ISO 14.000 nos anos 90.

“Desenvolvemos um semirreboque elétrico, que tem a tração por bateria. Quando precisa acelerar, o sistema puxa energia das baterias. Quando está num declive, usando o freio, essa energia é usada para recarregar essas baterias. Esse sistema reduz a carga sobre o motor diesel e, com isso, o consumo do combustível cai de 15% a 25%”, afirmou Carvalho. O semirreboque elétrico foi lançado em 2022 em fase inicial de comercialização.

Por Karla Spotorno

Estadão Conteúdo

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