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Credores voltam a pressionar e Unigel fica mais próxima da recuperação judicial

A indústria química Unigel ficou mais próxima de um pedido de recuperação judicial com o prosseguimento da execução de dívidas pelos detentores de R$ 500 milhões em debêntures da companhia. O pedido de execução foi encaminhado ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) pela Vórtx, agente fiduciário das debêntures, na quinta-feira, 15, depois de vencido, no dia 12, o prazo de 60 dias obtido pela companhia para não execução de dívidas e paralisação de ações.

Esta trégua ocorreu após a Unigel obter na Justiça uma tutela de urgência cautelar para mediação, conforme prevista na Lei de Recuperação Judicial e Extrajudicial. De acordo com advogados ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o prazo de 60 dias é irrevogável perante a lei e o passo seguinte seria um pedido de recuperação judicial.

Na petição entregue na quinta-feira, os debenturistas, representados pelo escritório Lefosse, justificam a continuidade da execução, datada originalmente de 07 de dezembro de 2023, na ausência de um acordo e no fato de que a Unigel “deveria ter apresentado o pedido principal até 12/02/2024”, o que “não ocorreu”. Os advogados explicam ainda que o “pedido principal” refere-se a um pedido de recuperação judicial, seguindo o rito da lei.

A companhia tem evitado a recuperação judicial há sete meses e negociado tanto com os debenturistas, que tem cerca de 11% da dívida total da companhia, quanto com detentores de títulos de dívida emitidos no exterior (bondholders). Os “bondholders” são os principais credores da Unigel, com US$ 530 milhões, que vencem em 2026. No balanço divulgado em 28 de dezembro, a Unigel informou dívida líquida de R$ 4,2 bilhões.

Apesar das indicações de dificuldades em anunciar uma solução financeira e um acordo com seus credores, oficialmente a Unigel tem dito que as negociações têm avançado positivamente. Ao ser procurada, a empresa afirmou que “considera o processo de mediação bem-sucedido” e “que as negociações com seus credores seguem em curso”.

Ao mesmo tempo, afirmou que, “dentro do prazo legal, apresentará defesa à ação de execução promovida pelos debenturistas, considerando prematuras e descabidas as manifestações e os pedidos feitos por tais credores”.

Não nego, não pago

A companhia começou a romper compromissos com estes credores em setembro do ano passado, quando deixou de pagar US$ 23,2 milhões em juro dos “bonds” (títulos de dívida emitidos no exterior). Em outubro, não honrou com compromissos referentes a juros também junto aos debenturistas.

Segundo fontes próximas à negociação, os debenturistas fizeram exigências que lhes dariam mais direitos do que aos “bondholders”. Entre elas, ativo dado em garantia exclusivamente a eles e o recebimento do valor integral de seus créditos.

Já alguns “bondholders” teriam oferecido à companhia uma injeção de capital ao redor de US$ 100 milhões em troca de participação na Unigel, que estaria sendo costurada pela gestora americana Pimco, de acordo com fontes. A companhia havia sinalizado a necessidade de injeção de capital de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões.

Além das conversas com os credores, a Unigel colocou alguns ativos à venda e contratou bancos para encontrarem investidores para algumas de suas plantas. A companhia precisa realizar investimentos adicionais da ordem de US$ 20 milhões em uma fábrica de aço sulfúrico e de US$ 1 bilhão para concluir uma planta de hidrogênio.

No início de dezembro, a Unigel anunciou acordo de venda de sua unidade no México, a Plastiglas, para o grupo mexicano Verzatec, especializado na fabricação de chapas plásticas reforçadas com fibra de vidro. O negócio ainda não foi concluído.

As dificuldades financeiras da Unigel têm origem na queda dos preços das commodities de químicos, após ter ingressado em vários projetos de expansão que ficaram inacabados.

Por Cynthia Decloedt, Altamiro Silva Junior e Jorge Barbosa

Estadão Conteúdo

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