A indústria de cimento espera vender 63,1 milhões de toneladas do insumo em 2024, o que representa um crescimento de 2% ante o montante do ano anterior, de 62 milhões de toneladas comercializadas. A perspectiva de alta deve encerrar o ciclo de retração que ocorre desde 2022, quando o setor registrou queda de 2,8%, além do recuo de 1,7% em 2023. A projeção foi divulgada pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
De acordo com a entidade, o crescimento de 2% no setor será impulsionado por projetos de infraestrutura, sinalizados pelo governo em 2024, e pelo avanço no desenvolvimento urbano, principalmente nas áreas de habitação e saneamento.
O principal destaque que deve favorecer a indústria cimenteira é o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Em números absolutos, a iniciativa pode estimular a produção de 2,5 milhões de toneladas de cimento se o governo cumprir com a previsão de entregar 500 mil moradias em 2024, destacou o presidente da SNIC, Paulo Camillo Penna.
Quanto ao sentimento dos empresários do setor, Penna afirmou perceber por parte deles um maior nível de otimismo para o futuro.
“A visão que eu percebo por parte dos empresários é mais positiva para os próximos anos. Há uma percepção das eleições no próximo ano, bem como um cenário fiscal menos restritivo. Além disso, os grandes ajustes econômicos foram tomados”, afirmou Penna, ponderando que apesar do maior otimismo, o setor mantém preocupações com a regulamentação da reforma tributária. “Podemos sofrer prejuízos em duas frentes com a regulamentação da reforma tributária por meio da aplicação do imposto seletivo, que pode incidir sobre combustíveis e minérios. Então quando se discute sobre a tributação seletiva para minérios, nossos principais insumos são calcário e argila. Também utilizamos o coque de petróleo como combustível principal, apesar de estar em um processo de substituição”, acrescentou.
Investimentos
O porta-voz das empresas cimenteiras afirmou que o setor prevê dedicar R$ 17 bilhões em investimentos até 2026, voltados para a modernização operacional e melhoria das fábricas. Já para a redução dos impactos ambientais, o aporte até 2030 será voltado para expandir a participação do coprocessamento na matriz energética do setor. A tecnologia permite a substituição do combustível fóssil por diferentes tipos de resíduos.
“Metade desses R$ 3,5 bilhões serão direcionados para a industrialização do Combustível Derivado de Resíduo (CDR), feito a partir do lixo urbano, e outra metade é dedicada para a adequação das fábricas para que elas possam receber esse produto. Nós vamos conseguir utilizar caroços de açaí, casca de arroz, pneus, lixo urbano, entre outros resíduos como insumos para produzir energia. Vamos conseguir ainda reduzir as emissões de metano”, acrescentou Penna.
O executivo afirmou que o setor mudou a meta estabelecida para 2050, que previa uma redução do despejo de dióxido de carbono e agora almeja a neutralização das emissões. O coprocessamento será estratégico para alcançar a meta e a tecnologia está presente em 30% da matriz energética do setor.
Por Jorge Barbosa
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