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Campos Neto: em dois anos, sistema financeiro do Brasil estará pronto para a IA

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, imagina que, em até dois anos, todo o processo de modernização do sistema financeiro brasileiro está em funcionamento para que se possa adicionar inteligência artificial ao “pacote”. Ele fez o prognóstico em um vídeo gravado no dia 1° e exibido na tarde desta sexta-feira, 3, durante a DrumWave Day#4 Mind Grenades, promovido pela startup de tecnologia financeira DrumWave. Pelo cronograma aprovado na Lei de Autonomia do BC, no entanto, Campos Neto comanda a instituição apenas até dezembro do ano que vem.

O presidente do BC explicou que a autoridade monetária está fazendo um programa completo de inovação, cujo principal objetivo, no começo, era o de democratizar o sistema de intermediação financeira no Brasil. “A ideia era criar competição, inclusão em termos do número de pessoas que acessam a intermediação financeira”, lembrou.

O programa, lembrou, é dividido em alguns blocos. O primeiro era criar um trilho comum para que as pessoas pudessem acessar e que serviria como o primeiro passo nessa nova plataforma tecnológica financeira de intermediação financeira. O segundo bloco acrescenta competição.

“O primeiro foi o Pix e o segundo é o Open Finance, que é um sistema completamente aberto de dados”, disse. “O Open Finance no Brasil é bem mais abrangente em comparação com o sistema de open banking que temos em outros lugares.”

Campos Neto salientou que, ao fazer o design do Open Finance em fases, tem sido possível acompanhar como o sistema está se desenvolvendo e, com isso, ir acrescentando novos produtos. “Hoje temos aproximadamente 45 bilhões de acessos”, afirmou. “No Brasil hoje é possível obter dados de um banco A e importá-los para um banco B, C ou D. Claro que este é um processo que demanda muito trabalho e dados têm de ser homogêneos para os que estão trabalhando com eles.”

O presidente do BC explicou que, neste momento, a instituição trabalha com a fusão do Pix com o Open Finance e adicionando outros produtos para um quadro mais competitivo. “Então, temos comparabilidade e portabilidade em tempo real, é isso o que queremos.”

Na sequência, conforme o banqueiro central, haverá um bloco para internacionalização da moeda. Para isso, será preciso, segundo ele, modernizar o sistema efetivo, que é visto como o terceiro bloco de ação. Ele citou mudanças de lei e de regulação que foram necessárias ao processo e salientou que as atividades financeiras internacionais se tornaram mais baratas.

“A questão final é: como podemos ter certeza de que todo o sistema vai funcionar? Porque ele se tornou mais digital e agora entendemos que precisamos avançar em um novo passo, que é o da tokenização. Então começamos o processo de tokenização, que é nossa moeda digital, o Drex”, citou, acrescentando que não se trata de um depósito em token, o que significaria que os bancos simplesmente congelariam os depósitos.

Campos Neto explicou que esta é a fase agora que está em testes. “A ideia é conectar os quatro blocos: Pix, Open Finance, internacionalização da moeda e chegamos ao Drex, mas qual é a vantagem do Drex?”, questionou, dizendo que, para muitos é apenas a questão de pagamentos, mas que isso já estaria contemplado com o Pix. “Para nós, com a tokenização, chegamos a uma nova dimensão da intermediação financeira”, disse, citando várias áreas financeiras, que passariam a ter menos custos de intermediação.

O presidente do BC comentou também que há outra face, que não e muito falada, que é a de inovação de contratos e registros, atualmente muito caros. Com o blockchain e o Drex, segundo ele, serão serviços que se tornarão mais baratos e com um maior poder de controle sobre os ativos. “Assim que tivermos os quatro blocos operando juntos, acho que o próximo estágio será como deveremos reagregar tudo”, previu.

Integração de contas

Todo o processo, conforme estimativa de Campos Neto, deve levar de um ano e meio a dois anos e começar a “fazer vida das pessoas melhor”. “Acreditamos que empresas começarão a disputar o canal da integração, então deverão existir apps para integrar todas as contas”, considerou. Nesse último ponto, de acordo com ele, em algum lugar do tempo, será possível juntar toda a sua movimentação financeira em um “agregador” , que poderá coletar informações e usá-las de uma forma mais efetiva.

“A última coisa que estamos começando a falar agora é que, assim que tivermos os quatro blocos integrados, como poderemos usar inteligência artificial para fazer o processo melhor para as pessoas, como educação financeira, aconselhamento financeiro. Isso para que as pessoas consumam produtos financeiros de uma forma melhor, mais eficiente, segura”, disse. “Portanto, a última milha do plano é como podemos adicionar em cima de tudo isso a inteligência artificial.”

Por Célia Froufe

Estadão Conteúdo

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