O Banco Central divulgou nesta segunda-feira, 30, o seu terceiro Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticos, com toda a agenda de ações da autoridade monetária na agenda de sustentabilidade e um panorama dos trabalhos entre setembro do ano passado e junho deste ano.
“Da perspectiva ambiental e climática, serão necessárias adaptações nas mais diversas atividades econômicas. Essa transição certamente não acontece da noite para o dia e, do ponto de vista do funcionamento da produção e do consumo, pode provocar o surgimento de novos setores econômicos e o desaparecimento de outros. É papel do BC estar vigilante e agir para que sejam monitorados e controlados os riscos que possam comprometer o alcance da nossa missão nessa transição, bem como eventuais consequências econômicas de eventos climáticos cada vez mais frequentes e extremos”, afirma o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, no prefácio do documento.
O relatório cita os esforços do BC para promover a integração de fatores sociais, ambientais e climáticos no gerenciamento de riscos realizado pelos bancos, bem como a realização de pesquisas e testes de estresse sobre a exposição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) a riscos climáticos físicos e de transição.
“Nossa pesquisa de estabilidade financeira corroborou a percepção de relevância das secas e inundações no risco dos bancos, especialmente em horizonte de mais longo prazo, e sinalizou a inadimplência como a principal forma pela qual os riscos climáticos podem ameaçar a estabilidade financeira”, acrescentou Campos Neto, no texto.
O relatório aponta que desde 2020 o BC faz parte da Network for Greening the Financial System (NGFS) junto a outros bancos centrais para promover um sistema financeiro mais verde. “Há um grande esforço coordenado e global para identificação e quantificação dos riscos e oportunidades que permitam ações efetivas para reduzir as desigualdades e alcançar uma relação mais equilibrada da atividade econômica com a natureza”, completou o presidente do BC.
Embora ainda não haja a consolidação de um padrão global para essas métricas, o relatório traz algumas medidas iniciais para a construção de um consenso na mensuração desses riscos.
Desde o último relatório, publicado em dezembro do ano passado, o BC destaca algumas entregas como: a avaliação da sensibilidade das carteiras de crédito das instituições financeiras aos riscos climáticos; o desenvolvimento do Bureau de Crédito Rural e resolução do CMN que trouxe um rigor ainda maior à conformidade ambiental dos empreendimentos na concessão de crédito rural; o aperfeiçoamento do monitoramento e a primeira recepção de informações sobre riscos socioambientais; o prêmio na categoria “Melhor Gestor de Reservas” do Central Banking Awards 2023 por avanços do processo de gestão das reservas, como inclusão de critérios de sustentabilidade e oficialização da sustentabilidade como variável obrigatória do processo de avaliação de contrapartes; e estabelecimento do subgrupo ESG no grupo técnico de tokenização de ativos financeiros.
Até o fim deste ano, o BC espera concluir outras ações, como as estimativas dos efeitos de riscos socioambientais na economia e SFN; os processos de meio circulante mais sustentáveis; e a promoção da cultura de sustentabilidade pelo Comitê de Responsabilidade Socioambiental Organizacional da instituição. Para 2024, o foco é o aprimoramento dos testes de estresse para riscos climáticos.
Por Eduardo Rodrigues
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