O economista americano e vencedor do Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman acredita que os dias de crescimento acelerado da economia chinesa ficaram para trás. De acordo com ele, a segunda maior economia do mundo enfrenta agora o desafio de mudar o motor do crescimento do investimento para o consumo, missão que tem se mostrado mais difícil que o esperado pelo governo chinês.
“O crescimento heroico da China acabou. A China é um grande comprador de commodities, então, para países produtores, isso é um problema”, disse ele durante participação na Fides 2023, evento internacional do mercado de seguros que acontece no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 26. “O Brasil é muito mais do que isso, então não vejo como uma preocupação.”
De acordo com ele, os números mais recentes mostram que o crescimento sustentável da economia chinesa provavelmente está próximo de 3%, taxa muito inferior à vista nas últimas décadas. Com isso, é impossível sustentar os patamares de investimento que o país observou na história recente. “Sinais de desaceleração da China eram óbvios, mas foram cobertos por uma bolha imobiliária que faz a bolha de 2008 nos EUA parecer trivial”, disse ele.
A saída é estimular o consumo das famílias, que na China são historicamente mais poupadoras. “A China agora precisa estimular o consumo, mas descobriu que é difícil fazer isso”, afirmou o Nobel de Economia. Na visão dele, o cenário no restante do mundo é diferente: a desaceleração vista no último ano é transitória.
Por Matheus Piovesana, enviado especial
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