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S&P Global sobre combustível russo: Restrição deixa Brasil exposto, sobretudo no caso do diesel

A restrição anunciada nesta quinta-feira, 21, pela Rússia nas exportações de gasolina e diesel deixam o mercado brasileiro exposto, sobretudo no caso do segundo combustível, em que o produto russo avançou e beira 75% do total importado. Mas o impacto vai depender do tempo de duração dos cortes na exportação e do respeito a contratos já firmados, que não ficaram claros no anúncio do Kremlin.

“Efeito no preço dos combustíveis vai ter, porque o mercado reage. O preço do diesel na Europa já subiu 4,5% na comparação com o fechamento de ontem. Nossa estimativa é que o crack spread do diesel global suba uns US$ 10 por barril”, disse.

Esse diferencial entre o barril de petróleo e de diesel, hoje na casa dos US$ 32, pode subir, portanto, para US$ 42, na esteira da restrição de oferta russa, calcula o especialista.

Sobre os impactos no suprimento externo brasileiro e outros países que passaram a comprar gasolina e diesel russos na esteira do redesenho de mercados ligado à guerra da Ucrânia, Perez afirma que vai depender do tempo que durarem essas restrições, por ora indeterminadas, e do cumprimento dos contratos fechados entre importadores e fornecedores russos.

“A grande questão, desde o início desse movimento de compra de diesel russo por países como o Brasil, é a confiança, depender do diesel russo no longo prazo. Na primeira crise interna, a Rússia está proibindo exportações. Resta saber se os carregamentos já contratados seguirão em curso ou darão meia volta, nem saindo do Porto”, diz.

Segundo Perez, caso as restrições afetem cargas encomendadas e cortem o fluxo do combustível para o País, restará aos importadores brasileiros voltarem para os fornecedores do Golfo do México (EUA). Historicamente, o Golfo é a região de origem mais tradicional do diesel importado pelo Brasil, mas foi trocada pelas cargas russas, vendidas no mercado com desconto ante o preço da Bolsa de Nova York. O Brasil importa entre 20% e 30% do diesel que consome.

“Essa volta (para o Golfo do México) vai ter um preço e aí entra em xeque a competitividade do importador brasileiro”, diz, em referência à diferença dos preços dos combustíveis produzidos no Brasil e os preços de importação.

Por Gabriel Vasconcelos

Estadão Conteúdo

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