O Índice de Desempenho das indústrias de pequeno porte aumentou no segundo trimestre do ano. O dado consta do Panorama da Pequena Indústria, divulgado nesta segunda-feira (7) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o levantamento, o indicador terminou o trimestre em 45,9 pontos. “O resultado pode ser considerado positivo quando comparado ao desempenho médio do segundo trimestre (42,5 pontos) ou mesmo na comparação com a média histórica (43,8 pontos)”, destaca a CNI. O índice varia de zero a 100 pontos, sendo que números acima de 50 são considerados positivos.
A CNI destaca que, em abril, o indicador de desempenho caiu 3,5 pontos em relação a março, o que é usual para o período, e apresentou melhora no restante do trimestre. Segundo a economista da CNI, Paula Verlangeiro, o desempenho leva em consideração a evolução do volume de produção ou do nível de atividade, o nível de utilização da capacidade instalada e a evolução do número de empregados para as indústrias extrativa, de transformação e construção.
A pesquisa aponta também que o Índice de Situação Financeira das pequenas indústrias, que é calculado com base na margem de lucro operacional, na situação financeira e no acesso ao crédito, cresceu 2,0 pontos no segundo trimestre de 2023, para 41,3 pontos. “A alta reverte apenas parcialmente a queda do primeiro trimestre de 2023, quando o índice recuou 3,7 pontos, de 43,0 pontos no último trimestre de 2022 para 39,3 pontos.” Mesmo assim, destaca a CNI, o índice está acima da média para o segundo trimestre de cada ano (37,6 pontos) e também acima da média histórica, de 38,2 pontos.
Obstáculos
O Panorama mostra que, no segundo trimestre do ano, os empresários de indústrias de pequeno porte indicaram que a elevada carga tributária é o principal problema enfrentado pela indústria de transformação, com 41,6% das assinalações. Para indústria da construção, a tributação aparece em terceira posição, com 26,0%, após alta expressiva no trimestre de 6,9 pontos porcentuais. Segundo a CNI, esse item geralmente está entre os primeiros lugares dos principais problemas, demonstrando que os impostos elevados são uma questão relevante para a indústria de pequeno porte.
No caso da indústria da construção, o item que ocupou o primeiro lugar foram as taxas de juros elevadas, com 33,3% das assinalações. Os juros foram o terceiro maior problema apontado pela indústria da transformação, com 27,4%. “A manutenção da taxa básica de juros, Selic, em patamar elevado vem impactando de maneira negativa o acesso ao crédito para as pequenas empresas, tornando-o mais caro e mais restrito”, destaca o documento, que foi finalizado em 2 de agosto, data do último dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa de juros Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano.
A demanda interna insuficiente é o segundo principal problema apontado pela indústria da transformação, com 32,4% das indicações. “Esse item vem ganhando relevância nos últimos trimestres, em um contexto de inadimplência elevada e consumo das famílias em desaceleração.” No caso dos empresários da indústria de pequeno porte da construção, a burocracia excessiva foi a segunda questão mais apontada, com 27,6%. “Esse problema advém da percepção de procedimentos redundantes e desnecessários, o que pode elevar custos e afetar a competitividade das empresas de pequeno porte.”
Confiança
Com a melhora do desempenho e da situação financeira, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) para as indústrias de pequeno porte teve alta de 1,3 ponto entre junho e julho, chegando a 50,6 pontos. Assim, o indicador ultrapassou a linha divisória dos 50 pontos, que separa confiança da falta de confiança.
Segundo a CNI, é a primeira vez que o indicador fica acima dos 50 pontos neste ano, se aproximando do valor de dezembro de 2022, 50,7 pontos, mas ainda abaixo da média história, de 52,8 pontos.
A pesquisa revela ainda que o Índice de Perspectivas do setor registrou aumento significativo em julho, de 2,1 pontos, para 49,5 pontos. O resultado é o maior do ano e está acima da média histórica (46,9 pontos).
“A confiança do empresário é importante porque empresários mais confiantes tendem a realizar mais investimentos e contratações”, afirma Paula Verlangeiro. “A melhora do indicador de perspectivas está relacionada, sobretudo, à melhora das expectativas de demanda e de nível de atividade para os próximos meses”, explica.
O período de coleta dos dados para a elaboração do Panorama da Pequena Indústria foi de 3 a 11 de julho.
Por Sandra Manfrini
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