O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, disse nesta quarta-feira, 12, que, só na frente de transmissão de energia elétrica, a companhia pode adicionar R$ 1,1 bilhão em receitas com novos negócios.
A companhia participou e venceu um lote no último leilão de transmissão, no fim do mês passado. Também deve participar do próximo, previsto para dezembro. No último leilão, via a subsidiária Furnas, a Eletrobras fez a melhor oferta e levou o lote 4, que concentra obras em Minas Gerais, somando 303 quilômetros de linhas de transmissão que servirão para escoar a energia gerada no Estado, principalmente de fonte solar, a um investimento estimado em R$ 786,6 milhões em 60 meses.
O avanço no negócio de transmissão vem na esteira do ganho de eficiência operacional e financeira buscada na atual gestão, o que também deve abrir espaço para investimentos em geração renovável e outras frentes como comercialização. Apesar de não esconder ambições com relação a novos negócios, o executivo disse que a alocação de capital segue sendo um desafio “porque tem muitas boas oportunidades” no mercado.
Para fazer frente a novos investimentos, a atual gestão da Eletrobras se colocou como missão sanear as finanças da empresa e incrementar o caixa, por exemplo, a partir da venda de SPEs.
“A venda de sete coligadas pode gerar arrecadação de R$ 1,5 bilhão à empresa”, continuou, sem especificar quais empresas perfazem esse valor de venda. Hoje com 73 SPEs, a Eletrobras pretende chegar a meados de 2024 com 31 empresas no guarda-chuva.
Além disso, disse Ferreira Júnior, a diretoria enxerga oportunidades para “otimizar” R$ 58 bilhões em custo de capital. “Há oportunidade para a companhia se beneficiar de prejuízos passados que viraram créditos na holding”, disse.
Comercializadora
Sobre a criação da comercializadora, um passo da atual gestão, Ferreira Júnior disse que a nova frente de negócio vai permitir que a empresa avance sobre sua base de clientes.
“A empresa (Eletrobras) será transformada em uma companhia que busca clientes”, disse. E, segundo o executivo, com bom nível de receita, uma vez que a empresa estaria garantindo preços acima da média praticada no mercado livre. O aumento da presença da Eletrobras é um dos objetivos centrais da atual gestão.
Segundo ele, essa comercializadora vai ajudar a holding a aproveitar créditos fiscais. “Só com tema de comercialização, nos próximos dez anos, conseguiremos absorver R$ 15 bilhões em créditos (fiscais)”, disse.
Acordos compulsórios
Ferreira Júnior reiterou os esforços de sua gestão para sanear a Eletrobras com ganhos de eficiência, o que passa pelo enxugamento de seu número de sociedades de propósito específico, as SPEs, e a revisão de acordos compulsórios.
Segundo o executivo, a Eletrobras ainda tem hoje 73 SPEs e pretende chegar a 31 em meados de 2024. Com isso, haveria uma redução de 82,6% desde 2016, quando havia 178 SPEs sob o guarda-chuva da Eletrobras.
Igual esforço se daria na revisão de acordos compulsórios. “Voltamos com tudo na revisão dos acordos compulsórios e trabalhamos para novas reduções”, disse Ferreira Junior.
O efeito desse esforço já pode ser observado. Segundo o executivo, o saldo de provisões ligado a esses compulsórios era, no terceiro trimestre de 2022, de R$ 25,8 bilhões, e passou a R$ 24,3 bilhões no primeiro trimestre desse ano, uma redução de R$ 1,5 bilhão que, segundo o executivo pode crescer à frente.
Por Wilian Miron e Gabriel Vasconcelos
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