Após o desfecho do estresse com o First Republic Bank, vendido ao JPMorgan no início da semana, investidores especulam se haverá novas vítimas das turbulências que deflagraram a quebra de uma série de bancos regionais nos Estados Unidos desde março. Especulações sobre o futuro de Western Alliance, PacWest e First Horizon desencadearam tombo de até 60% nas ações dessas empresas, que emergiram como potenciais candidatos no efeito dominó iniciado pelo Silicon Valley Bank (SVB).
O setor já vinha sob pressão nos últimos dias, mas o quadro piorou após o fechamento dos mercados na quarta-feira, 3, quando reportagem da Bloomberg informou que o PacWest avalia uma série de opções estratégicas, entre elas uma possível venda.
A notícia provocou forte queda nos papéis da companhia no after hours das bolsas de Nova York, bem como de pares regionais, em um movimento que se estendeu ao pregão regular desta quinta-feira.
Durante a madrugada desta quinta-feira, 4, o banco com sede em Los Angeles afirmou que “revisa continuamente as opções estratégicas” e que foi “abordado por vários parceiros e investidores em potencial”.
Na manhã desta quinta-feira, o Financial Times (FT) noticiou que o Western Alliance também não descarta ser vendido. A ação da empresa desabou mais de 60% logo após o relato, mas arrefeceu as perdas depois que a instituição bancária negou veementemente a informação. No começo da tarde, a companhia disse, inclusive, que pode entrar com uma ação legal contra o FT.
Em atualização na quarta-feira, o grupo assegurou não ter registrado fuga de depósitos desde o fechamento do First Republic. “Os depósitos totais foram de US$ 48,8 bilhões na terça-feira, 2 de maio, acima dos US$ 48,2 bilhões na segunda-feira, 1º de maio, e estáveis ante sexta-feira, 28 de abril”, disse.
Já o First Horizon, com sede no Tennessee, anunciou desistência de uma planejada fusão com o canadense Toronto-Dominion Bank (TD Bank), em um negócio que estava estimado em US$ 13,4 bilhões. Segundo comunicado, o TD Bank não teria cumprido pré-requisitos regulatórias e, agora, pagará US$ 200 milhões ao First horizon, além de reembolsar uma taxa de US$ 25 milhões.
A sequência de episódios mantém as incertezas sobre perspectivas para bancos médios nos Estados Unidos, mesmo após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmar que as condições melhoraram e que o sistema segue “resiliente”.
Para o principal assessor econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, a avaliação representa mais uma das comunicações “infelizes” do Fed que ameaçam a credibilidade do banco central americano. Para ele, os efeitos secundários da derrocada do First Republic ainda não foram completamente sentidos. “Os mercados agora estão ainda mais sensíveis, e não no bom sentido, a qualquer banco que sinalize estresse significativo”, escreveu, em publicação no Twitter.
Por André Marinho
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