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Chinesa Great Wall adia início da produção de carros no Brasil para maio de 2024

A montadora chinesa Great Wall Motor (GWM) anunciou hoje que vai iniciar em maio de 2024, com aproximadamente um ano de atraso em relação à previsão inicial, a produção de carros na fábrica comprada em agosto de 2021 da Mercedes-Benz. A unidade fica em Iracemápolis, no interior paulista, e vai produzir picapes e utilitários esportivos (SUVs) com motorização híbrida que combina um motor flex, movido tanto a gasolina quanto a etanol, a outro elétrico plug-in, com bateria carregada na tomada.

Para marcar o início das atividades no ano que vem, a Great Wall escolheu uma data simbólica: o Dia do Trabalho, 1º de maio. Em janeiro de 2022, ao anunciar o plano de investir R$ 10 bilhões em dez anos no Brasil, a montadora divulgou a expectativa de abrir 2 mil empregos diretos – ou seja, sem incluir fornecedores – na nova fábrica. Na época, mirava o lançamento de seu primeiro carro produzido no Brasil no segundo semestre de 2023, com a arrancada da linha já no primeiro semestre deste ano.

Segundo o diretor de assuntos institucionais da Great Wall, Ricardo Bastos, a mudança no cronograma se deu porque, entre outros motivos, a empresa dedicou mais tempo do que o previsto a estudos e pesquisas para definição da tecnologia mais adequada ao mercado brasileiro. Ele diz que a intenção é produzir no País uma picape que, apesar do custo pesado do motor elétrico, poderá competir em preço com as concorrentes movidas a diesel. “Queremos entregar algo melhor em termos de força e eficiência a um preço próximo das picapes a diesel”, explica.

O anúncio oficial da data de estreia da linha de montagem foi feito em cerimônia na fábrica com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que era governador de São Paulo quando a Mercedes-Benz, em março de 2016, inaugurou a unidade. “A prefeita Nelita Nelita Michel, prefeita de Iracemápolis está feliz porque eu participei, aqui, da inauguração da fábrica. Nós trabalhamos muito para a Mercedes-Benz vir para cá. Fizemos obras, rodovias, investimentos. Depois, ficamos tristes quando fechou”, declarou o vice-presidente, em seu discurso para, na sequência, expressar a satisfação com a chegada da Great Wall.

“Hoje, é um dia de grande alegria porque a fábrica não só reabre, mas reabre com tecnologia de ponta, fabricando veículos híbridos, veículos elétricos, ajudando a salvar o planeta com descarbonização.”

Durante a cerimônia, foi apresentada, com camuflagem parcial, a picape média Poer, um dos dois modelos que serão montados pela Great Wall em sua primeira etapa de produção no Brasil. Embora a unidade seja a terceira fábrica completa da montadora fora da China – somando-se a Rússia e Tailândia -, a produção em Iracemápolis vai começar em esquema de CKD – isto é, apenas a montagem de conjuntos de componentes importados da China, incluindo motor.

Ricardo Bastos, porém, adianta que a montadora já trabalha com fornecedores brasileiros visando um futuro aumento gradual de peças nacionais nos veículos. Conforme o diretor da Great Wall, no segundo semestre, a montadora começa a trazer da China os equipamentos da fábrica. Projetada pela Mercedes para produzir até 20 mil carros de luxo por ano, a capacidade de produção será ampliada para 100 mil veículos, um volume que será destinado não só ao Brasil, mas também a outros mercados da América Latina. As máquinas que eram usadas pela montadora alemã e não servem para os modelos chineses foram vendidas. Já a linha de pintura, diz Bastos, não precisará de muita adaptação.

Antes da produção, a Great Wall dá início a importações de carros no Brasil com o SUV híbrido Haval H6, atualmente em fase de pré-venda. Até o fim do ano, 50 concessionárias da marca devem ser inauguradas no Brasil.

Por Eduardo Laguna

Estadão Conteúdo

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