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Com IVA, calculamos que haveria aumento de 23% da cesta básica, diz diretor da CNA

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que se o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), discutido no escopo da reforma tributária, for aprovado haverá uma alta de 23% no custo da cesta básica – hoje desonerada. “O que geraria aumento de 1,8 ponto porcentual na inflação em 18 meses”, disse o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, ao apresentar os dados durante o Broadcast Live, realizado nesta terça-feira, 25.

Na avaliação de Lucchi, o aumento da carga tributária sobre alimentos levaria à queda no consumo de alguns produtos. “Toda vez que tem crise no Brasil, vemos que cai o consumo de derivados de lácteos, de determinados tipos de carnes e de frutas, quando diminui o poder aquisitivo da classe C. Se aumento ainda mais o valor desses alimentos, certamente haverá redução de consumo de alguns produtos do dia a dia”, justificou.

“De certa forma, isso vai afetar o produtor, porque, se cai o consumo, cai o valor recebido pelo produtor rural. O agro internaliza maior parte da produção do que exporta. Se diminui o poder de compra da população porque o produto estará mais caro por imposto, certamente prejudicaremos a produção brasileira”, concluiu.

Benesses

O diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) disse que a entidade não quer benesses para o setor de alimentos na reforma tributária, mas que ele seja tratado como prioritário. “Já que vamos mudar o nosso sistema, queremos o tratamento que se dá no mundo ao setor de alimentos, para que ele não tenha seu custo elevado. Na CNA, junto com o Instituto Pensar Agro, há um consenso dentro das entidades do setor para que tenhamos um tratamento diferenciado, assim como existe nos países que já adotam o IVA”, disse Lucchi.

Ele citou estudo feito pela entidade, segundo o qual dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – 38 atualmente – somente quatro não possuem tratamento diferenciado para a agropecuária.

“Esse tratamento existe justamente porque é um setor estratégico, para não onerar o custo de alimentos. Não queremos buscar confronto com a indústria ou outros setores da economia brasileira, mas nos mantermos competitivos no mundo”, afirmou.

“Se o agro não se mantiver competitivo, é capaz de o Brasil ter de importar alimentos, porque (o importado) pode ficar mais barato do que o produto doméstico”, alertou.

Por Isadora Duarte e Clarice Couto

Estadão Conteúdo

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