O movimento de recompra de ações se repete em outros países. Nos Estados Unidos, as operações caminham para superar o volume de US$ 1 trilhão pela primeira vez em um ano, de acordo com projeções de bancos em Wall Street.
O impulso vem, principalmente, do setor de energia, que tem colhido lucros recordes na esteira do impacto da guerra na Ucrânia nos preços do petróleo. Entre os maiores anúncios nos EUA, está o da petroleira Chevron, no valor de US$ 75 bilhões, e ainda nomes como o da Meta, dona do Facebook, que anunciou um programa de recompra de US$ 40 bilhões, e ainda o Goldman Sachs, com US$ 30 bilhões.
A expansão das recompras de ações ao redor do mundo têm dividido opiniões e despertado críticas de diferentes frentes. Em sua esperada carta anual, o megainvestidor Warren Buffett saiu em defesa da prática e elogiou empresas que adotaram a estratégia, como a Apple. Para ele, as recompras são benéficas a todos os acionistas.
“Quando lhe dizem que todas as recompras são prejudiciais para os acionistas ou para o país, ou particularmente benéficas para os CEOs, você está ouvindo um analfabeto econômico ou um demagogo eloquente”, escreveu Buffett.
Sua própria gestora, a Berkshire Hathaway, gastou em recompras de ações US$ 27 bilhões, em 2021, e US$ 8 bilhões em 2022 – volumes recordes para a empresa de Buffett.
A defesa do bilionário ocorre após o presidente dos EUA, Joe Biden, ter voltado a criticar as grandes petroleiras por seus lucros em seu tradicional discurso do Estado da União, quando também propôs quadruplicar o imposto sobre recompra de ações de 1% que entrou em vigor em janeiro.
Em Wall Street, a proposta não causou impacto. Pesa, sobretudo, a divisão do Congresso americano, com o partido Republicano no comando da Câmara. Para o Bank of America, é “improvável” que a proposta avance.
Para Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter, o investimento para ampliação dos negócios nem sempre é a melhor opção. “É uma troca de caixa por ações, não faz a empresa crescer. É preciso avaliar se o caixa gerado vale ser gasto para expandir a estrutura, mas se o horizonte não for tão favorável, como não é hoje nos Estados Unidos, os empresários não vão expandir operações se não houver expectativa de aumento de demanda. Se a empresa já é líder, por exemplo, pode não haver motivo para expandir a sua capacidade de produção”, afirma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Aline Bronzati, correspondente. Colaborou Lucas Agrela
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