O Banco Safra anunciou lucro líquido recorde de R$ 2,203 bilhões no ano 2022, ante R$ 2,191 bilhão do ano anterior. O banco fez uma provisão de R$ 1,2 bilhão para os créditos que concedeu a “empresa de grande porte que entrou em recuperação judicial”, uma referência a Americanas. O valor equivale a 50% da exposição do banco a essa companhia.
O Safra é mais um banco a anunciar provisões extras para a rede de varejo. Grandes casas, como Bradesco, Itaú, Santander e BTG Pactual já provisionaram mais de R$ 10 bilhões para eventual calote da Americanas, em porcentuais que variam de 30% a 100% dos valores emprestados.
Em novembro de 2022, o Safra aprovou um reforço importante de capital, com aporte de R$ 7,4 bilhões, que quando for totalmente finalizado vai elevar o patrimônio do banco a R$ 24 bilhões. Ao final de 2022, os ativos do Safra somavam R$ 268,3 bilhões e o patrimônio líquido atingiu R$ 18,3 bilhões. O retorno sobre o patrimônio médio anualizado ficou em 13,6% em 2022. Já as captações cresceram 13,7%.
O Safra encerrou dezembro com índice de inadimplência para atrasos acima de 90 dias de 0,9%, ante 0,6% de um ano antes. Apesar da alta, o indicador é o menor entre os bancos e abaixo da média do sistema financeiro nacional, de 3%. “Este desempenho é fundamentado na abordagem conservadora em todo o ciclo de crédito, da cuidadosa concessão ao atencioso monitoramento e ágil retomada”, explicou Silvio de Carvalho, presidente do Safra, em carta que acompanha o balanço.
A carteira de crédito expandida do banco encerrou o ano em R$ 173,468 bilhões, crescimento de 12%. O índice de Basileia, que mede a liquidez dos bancos para fazer face aos empréstimos, ficou em 12,8%, ante 13,7% em dezembro de 2021. O mínimo exigido pelo Banco Central é de 11%.
O índice de cobertura para fazer face a eventuais problemas no crédito terminou o ano em 439,6%, ante 494% de 12 meses atrás, considerando atrasos acima de 90 dias. O indicador do Safra está entre os mais altos considerando os principais bancos. No Bradesco, por exemplo, o indicador é de 202%.
“Fizemos ao longo de 2022 investimentos significativos em Capex voltados para a Safrapay e meios digitais, os quais acreditamos que trarão expressivas contribuições para os futuros resultados do banco”, ressalta Carvalho.
No balanço, o Safra destaca que “está partindo para ter presença cada vez mais importante nos mercados em que atua”. Nesse estratégia, comprou o Conglomerado Financeiro Alfa, fundado há quase 100 anos pelo empresário Aloysio Faria, por R$ 1 bilhão, e incorporou as operações de administração e gestão de recursos do Crédit Agricole DTVM. Os dois negócios foram anunciados em novembro de 2022.
Por Altamiro Silva Junior
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