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José Mauro Coelho defende política de preços da Petrobras em discurso de posse

O engenheiro José Mauro Coelho tomou posse nesta quinta-feira, 14, na presidência da Petrobras defendendo que a companhia pratique preços de mercado, seguindo as cotações internacionais do petróleo. Esse foi o um dos motivos de desentendimento de seus antecessores com o presidente Jair Bolsonaro. Indicado pelo governo, o engenheiro afirmou que a prática seria necessária a uma maior concorrência, com benefícios aos consumidores.

“A prática de preços de mercado é condição necessária para a criação de um ambiente de negócios competitivo, para a atração de investimentos e de novos agentes econômicos no setor, expansão da infraestrutura do País e a garantia do abastecimento”, afirmou Coelho. Ele tomou posse em cerimônia transmitida virtualmente no site da Petrobrás.

O novo presidente da Petrobras abriu seu discurso de pouco menos de 20 minutos agradecendo a Deus e ao presidente Bolsonaro pela indicação. Coelho é o terceiro presidente da estatal no governo Bolsonaro e assumiu no lugar do general Joaquim Silva e Luna, que ficou um ano no cargo. O militar da reserva foi demitido pelo presidente pouco tempo após reajustes em 18,8% o litro da gasolina e 24,9% o litro do diesel nas refinarias.

Coelho afirmou que o Brasil seria autossuficiente em petróleo, mas importador de gás de cozinha, gasolina, diesel e querosene de aviação. Segundo ele, isso impõe desafios à garantia de abastecimento.

BENEFÍCIOS

O novo comandante da Petrobras afirmou que o modelo de gestão adotado pela empresa a partir de 2017, no governo Michel Temer, e mantido na gestão de Bolsonaro, permitiu que a empresa reduzisse o endividamento de US$ 160 bilhões em 2014 para os atuais níveis, abaixo de US$ 60 bilhões. Para ele, isso abre espaço para maiores investimentos da companhia.

Coelho fez ainda outros acenos ao mercado. Sinalizou, por exemplo, com a manutenção de políticas de venda de campos maduros de petróleo, de refinarias e de operações no setor de gás natural, como na Gaspetro e no Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG). Ele acrescentou que investimentos em refino serão focados em locais próximos da produção.

A sinalização de Coelho era amplamente esperada pelo mercado, avaliou o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman. “Vamos ver o que vai acontecer para a frente, mas vi a defesa dos principais pilares que a empresa vem adotando desde a metade da década passada”, disse.

Pela manhã, o conselho de administração elegeu Coelho para a presidência da Petrobras por maioria de votos, segundo fontes. Dois conselheiros votaram contra.

Por Bruno Villas Bôas

Estadão Conteúdo

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