Categories: Economia

BNDES aprova empréstimo de R$ 200 mi para concessão rodoviária em MT

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um empréstimo de R$ 200 milhões para a Via Brasil MT 100, concessionária que opera um trecho de 91,5 quilômetros da MT-100, rodovia estadual de Mato Grosso, entre as cidades de Alto Araguaia e Alto Taquari. Embora o valor seja pequeno para os padrões bilionários do banco de fomento, é mais um passo para diversificar os instrumentos de crédito à infraestrutura, já que o empréstimo foi estruturado com um “project finance non recourse”, com lastro em garantias emergentes apenas do projeto de concessão.

O financiamento de R$ 200 milhões corresponde a pouco menos da metade do investimento total previsto na concessão, de R$ 550 milhões em 30 anos. A maior parte do valor, R$ 300 milhões, tem de ser aportada nos sete primeiros anos de contrato – a concessão foi leiloada em 2018. O projeto prevê a recuperação total do pavimento da rodovia, a duplicação de pistas, a construção de terceiras faixas, vias marginais e acostamentos, além da implantação de serviços de atendimento ao usuário (SAU), com guinchos e ambulâncias.

Desde 2020, o alto comando do BNDES vinha sinalizando que, embora tivesse recursos de longo prazo, em reais, para emprestar aos projetos de infraestrutura necessários ao País, o banco de fomento passaria a atuar como “coordenador” das operações de financiamento a esses investimentos, atraindo financiadores privados. Um dos instrumentos desse novo papel no financiamento à infraestrutura é o “project finance puro”.

Tradicional instrumento de financiamento a projetos em diversos países, nesse tipo de financiamento, o tomador do empréstimo é a concessionária criada para operar uma concessão ou parceria público-privada (PPP), que oferece como garantias receitas e direitos associados apenas ao próprio projeto. No modelo anterior, historicamente, quando financiava grandes obras de infraestrutura com juros abaixo dos de mercado, o BNDES já usava o “project finance”, mas sempre exigindo ativos, fianças corporativas ou fianças bancárias dos sócios das concessionárias em garantia – por isso, muitos consideram que o modelo nunca foi usado para valer no Brasil.

Para fazer deslanchar o “project finance” para valer, o BNDES precisa aceitar correr mais riscos nas operações, reduzindo a exigência de garantias. Um primeiro passo foi dado na virada de ano, com a aprovação do empréstimo de R$ 7 bilhões para a operadora da PPP da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo.

Nessa operação, um sindicato de bancos deu aval para metade do valor, enquanto o BNDES assumiu o risco na metade restante. Não foram exigidas fianças corporativas. O contrato de construção, conhecido no mercado como EPC, conforme a sigla, em inglês, para engenharia, gestão de compras e construção, colocou na conta da construtora do projeto, e não na concessionária, riscos como elevação de gastos ou atrasos nas obras.

No caso do projeto da Via Brasil MT 100, tampouco foram exigidas garantias corporativas dos sócios ou fianças bancárias. Para mitigar o risco, a concessionária fez um aporte inicial de R$ 53 milhões no projeto, três vezes mais do que era exigido no contrato de concessão. Além disso, uma conta especial separará, ao longo da concessão, um porcentual da receita de pedágio, funcionando como um “fundo” para fazer frente aos investimentos.

Segundo o BNDES, a estruturação do financiamento para o trecho da MT-100 “seguiu as melhores práticas internacionais e foi ao encontro das necessidades de um projeto cujos acionistas são de menor porte”.

Entre os sócios da concessionária Via Brasil MT 100 estão a Conasa Infraestutura, a Zetta Infraestrutura e Participações, a construtora Rocha Cavalcante, a Fremix Pavimentação e Construção, a FBS Construção Civil e Pavimentação, a Construtora Laços Detetores e Eletrônico.

Um dos desafios para o caso de empresas de menor porte que se associam para atuar em concessões de infraestrutura é “obtenção de garantias corporativas ou mesmo para acessar o mercado financeiro e negociar fianças bancárias com custo que não prejudiquem o projeto”, segundo o BNDES.

Por Vinicius Neder

Estadão Conteúdo

Recent Posts

País pode virar referência em pagamentos internacionais com uso de cripto, dizem especialistas

O Brasil tem a oportunidade de ser referência em pagamentos internacionais, assim como já é…

21 horas ago

Deputado do agro quer comissão externa para ‘colocar dedo na ferida’ do Carrefour

Lideranças do agronegócio estão indignadas com a decisão do Carrefour de boicotar a carne do…

22 horas ago

Federação de Hotéis e Restaurantes de SP organiza boicote ao Carrefour

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários…

1 dia ago

Gol anuncia nova rota semanal entre Curitiba e Maringá

A Gol Linhas Aéreas anunciou o lançamento de uma nova rota que liga Curitiba (PR)…

2 dias ago

Governo de SP prevê R$ 1,3 bi em segurança viária para concessão da Nova Raposo

A concessão rodoviária do Lote Nova Raposo (São Paulo) vai a leilão na próxima quinta-feira,…

2 dias ago

Petróleo pode cair de US$ 5 a US$ 9 em 2025 com grande oferta e problemas da demanda

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a…

2 dias ago