Mercados

Juros: Taxas de médio e longo prazos sobem com pressão do câmbio

Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 3, em alta nos vértices intermediários e longos, determinada principalmente pela piora do câmbio, num dia de agenda e noticiários sem potencial de impacto para os negócios. As taxas todas estiveram em alta durante boa parte da sessão, mas à tarde a ponta curta zerou o avanço, uma vez digeridos os números da pesquisa Focus, com a mediana de IPCA 2023 voltando a subir. Fatores técnicos relacionados aos vencimentos das Letras do Tesouro Nacional (LTN) e pagamento de cupom de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) também influenciaram as operações à tarde. No exterior, além do fortalecimento do dólar, os retornos dos Treasuries dispararam nesta segunda-feira, com a taxa da T-Note de dez anos superando 1,63%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,79% (regular), de 11,816% no ajuste de quinta-feira, mas voltou a subir na estendida, a 11,88%. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,604% para 10,82% (regular) e 10,89% (estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa em 10,83% (regular) e 10,89% (estendida), de 10,612%.

Nas mesas de renda fixa foi consenso o papel do câmbio na dinâmica dos DIs. “O dia está muito fraco de agenda e notícias, mas é ruim para a moeda, o que acaba batendo na curva”, disse a gestora de renda fixa da MAG Investimentos, Patricia Pereira. Na avaliação dela, a dinâmica do mercado tende a melhorar nos próximos dias, com o desenrolar da agenda, que nesta semana tem como destaques a ata do Federal Reserve e o relatório de emprego nos Estados Unidos.

O dólar chegou a rodar na casa de R$ 5,67 nas máximas do dia, alinhado ao movimento no exterior. Apesar da escalada dos casos da cepa Ômicron no fim do ano, a baixa taxa de mortalidade em função da nova variante mantém o otimismo dos agentes com a economia americana. Nesse contexto, as bolsas americanas estiveram em alta, assim como o rendimento dos Treasuries, com o da T-Note de dez anos ultrapassando 1,63%, de 1,51% na sessão anterior. Os preços do petróleo também avançaram.

Componente importante da inflação, o câmbio tem tido influência limitada da expectativa de aperto forte na Selic, por sua vez, decorrente das indicações do Copom de que poderá sacrificar até mesmo a atividade para recolocar as expectativas de inflação do horizonte relevante de volta às metas. Na pesquisa Focus de hoje, a mediana para 2022 manteve-se acima do teto da meta, em 5,03%, e a de 2023 voltou a piorar (3,38% para 3,41%), distanciando-se do centro da meta de 3,25%.

O desconforto gerado pela Focus foi superado à tarde, quando fatores técnicos entraram em cena. Hoje venceram R$ 116 bilhões em LTN e os detentores de NTN-F receberam R$ 21 bilhões em pagamento de cupom, eventos que levaram ao rebalanceamento do Índice de Renda Fixa do Mercado (IRF-M). “O rebalanceamento gerou aumento passivo de posições aplicadas no vértice janeiro de 2023. O DI julho de 2022 subiu 5 pontos e o DI julho de 2023 abriu 6, enquanto o DI janeiro de 2023 fechou 1 ponto”, afirmou o estrategista-chefe da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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