Por Laura Sanchez, editora-chefe do Investing.com Espanha
Investing.com – O ano de 2021 pode ter marcado um verdadeiro ponto de mutação nos mercados. O coronavírus continua se espalhando por meio de uma nova variante, enquanto a ameaça de inflação alta avança. As criptomoedas estão de volta na vanguarda das mentes dos investidores, as commodities dispararam e as moedas estão enfrentando volatilidade. Os mercados de capitais, por outro lado, continuaram subindo, ou pelo menos os principais índices.
2022 poderia marcar uma nova era de mercado: inflação, aperto das políticas dos bancos centrais, etc.
Para nos prepararmos para o ano à frente, o Investing.com reúne seus jornalistas e analistas de todo o mundo para lhe brindar com uma visão geral do que está por vir.
Ao longo da última semana do ano e a primeira de 2022, publicaremos as perspectivas da nossa equipe sobre todos os mercados, de câmbio a ações, criptomoedas a commodities, da Europa à Ásia às Américas, e muito mais.
Neste artigo, vamos nos concentrar nas perspectivas dos especialistas para os mercados globais em 2022.
Começando com as previsões econômicas, Giacomo Barisone, diretor de classificações soberanas da Scope Ratings, vê a economia global continuar a sua recuperação desigual. As projeções para 2022 são sólidas, com um crescimento de cerca de 4,5%, porém abaixo dos 5,8% em 2021 e com riscos de redução.
Novas variantes da Covid-19, a inflação em alta e a retirada do apoio fiscal e monetário representam riscos para a recuperação, explica a Scope Ratings. “O crescimento do PIB se normalizará um pouco no próximo ano, mas permanecerá acima da tendência. A Scope prevê um crescimento de 3,5% nos Estados Unidos e de 4,4% na zona do euro, 3,6% no Japão e 4,6% no Reino Unido. A China vivenciará um crescimento mais próximo da sua tendência de longo prazo de 5%”, diz Barisone.
Com foco nos mercados financeiros, Chris Iggo, CIO Core Investments da AXA Investment Managers, aponta para a nova variante do Covid como um risco chave continuado em 2022. “O início do ano vai ser complicado”, adverte o especialista, que descreve a situação atual como “confusão contínua” com “sinais contraditórios”.
“Nos últimos meses, a conversa nos círculos econômicos girou em torno da reversão das políticas de estímulo, e 2022 estava se preparando para ser o ano de aumento dos juros, de algum aperto fiscal”, explica Iggo. “Mas a questão agora é: os juros devem ser elevados para conter a inflação ou devemos permanecer num estado de acomodação a fim de compensar qualquer impacto negativo adicional da Covid?”
A este respeito, o especialista considera que “o pior cenário é que os bancos centrais achem que precisam esmagar a inflação: os rendimentos reais aumentariam e o crescimento econômico responderia negativamente”. Embora acrescente: “Este é um resultado possível, mas temos de esperar e ver um pouco mais sobre o que os dados trazem”.
“2021 foi um ano excelente para muitas companhias no mercado de ações. Sem precisar ir longe demais, algumas das maiores, como Apple Inc (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Microsoft Corp (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34) e Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34)(Google), estão fechando o ano perto de suas máximas históricas, puxando o mercado e fazendo com que os principais índices de referência continuem sua tendência de alta”, explica Jerónimo Gómez, fundador da invierteconsentido.com.
Este especialista adverte que, a nível técnico, algumas destas empresas já estão muito esticadas no curto prazo. “Elas estão sendo negociadas a preços bem acima das suas médias de 40 semanas, de modo que podem sofrer uma correção nos próximos meses e permanecerem lateralizadas por algum tempo. Se for esse o caso, essas correções podem se refletir nos principais índices, como o S&P 500 ou o Nasdaq”.
Por outro lado, Gómez explica que “as small caps se encontram numa situação muito diferente. Muitas delas, apesar de terem modelos de negócios fortes, receitas crescentes e serem solidamente rentáveis, sofreram muito a nível técnico durante 2021 e podem florescer no mercado de ações nos próximos meses. Quem colocar o foco nestas empresas ao longo de 2022 será capaz de encontrar oportunidades muito boas”.
Ingrid Kukuljan, Diretora de Impacto e Sustentabilidade e Gerente de Portfólios Principais da Federated Hermes, concorda, acrescentando que “os mercados de capitais globais têm sofrido volatilidade significativa em 2021, impulsionada pela inflação, expectativas de taxas de juros e escassez de commodities”.
“Embora estas tendências possam persistir e levar a períodos em que o desempenho do mercado é impulsionado por fatores de estilo, continuamos focados nos valores fundamentais das empresas e nas suas perspectivas a longo prazo. Na verdade, a volatilidade do mercado pode nos oferecer a oportunidade de comprar empresas expostas a megatendências de impacto com a valuations atraentes”, diz Kukuljan.
Embora as principais apostas de investimento se encontrem em Wall Street e em empresas de tecnologia, os analistas acreditam que as ações europeias também podem oferecer boas oportunidades como parte de um portfólio diversificado, especialmente dependendo do estilo de investimento e da tolerância ao risco.
Schroders (LON:SDR) também deseja manter um olhar especial sobre a China. “As ações asiáticas (excluindo o Japão) tiveram um 2021 turbulento. As ações chinesas, em particular, enfrentaram uma série de adversidades e seus efeitos provavelmente se estendem até 2022”, explicam Robin Parbrook e Toby Hudson, co-chefe de investimentos alternativos de capital na Ásia e gerente de investimento de capital na Ásia, exceto Japão, respectivamente.
Para estes especialistas, a China ainda tem os ingredientes certos para um forte crescimento em certos segmentos da economia. “O problema que vemos é a crescente proeminência das SOEs ou da regulamentação estatal na maior parte dos setores chave do país. Mesmo aqueles que não são dominados por empresas estatais – como o setor da internet – são obrigados a aceitar um grau muito maior de envolvimento do Estado em suas operações”, concluem.
Matéria originalmente publicada em Investing.com
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