O comportamento do mercado de câmbio nesta segunda-feira espelhou a busca por proteção com demanda alta pela moeda à vista em dia de negociação e véspera de votação do Orçamento de 2022 na CMO, além de aspectos mais preocupantes no exterior por conta da variante Ômicron e seus impactos nas economias globais.
Assim, o dólar manteve a trajetória de alta durante toda a sessão, que já tem liquidez reduzida por conta das festividades de final de ano. Durante a tarde, a pressão aumentou sobre o real e levou a cotação da divisa americana às máximas, na casa dos R$ 5,7461 no spot e a R$ 5,7595 no segmento futuro com vencimento em janeiro. Encerrou as negociações cotado a R$ 5,7431 no spot, em alta de 1,02%. No futuro, a R$ 5,7540, em alta de 0,72%.
Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden investimentos, aponta questão externa a influenciar a alta do dólar no Brasil na sessão de hoje: moedas de emergentes como da Turquia, da Argentina e agora do Chile -após eleger o esquerdista Gabriel Boric – estão depreciando e isso tem efeito de contaminação para o real. “Há um contágio marginal do comportamento dessas moedas emergentes para o real”, afirmou.
Pela manhã, o dólar avançou quase 10% sobre a lira turca. No entanto, nesta tarde, após anúncio de medidas cambiais, a trajetória se inverteu. Entre as ações, a introdução de um novo programa que protegerá as poupanças das flutuações da lira e a compensação das perdas incorridas pelos detentores de depósitos na moeda local, caso os declínios da lira em relação às moedas fortes excedam as taxas de juros prometidas pelos bancos.
Tudo em um ambiente no qual a aversão a risco se instala por conta das incertezas com o aumento da contaminação de Ômicron. “A Ômicron tem potencial, novamente, de afetar a cadeia de oferta, batendo na inflação e levando os BCs a serem mais agressivos. Os investidores seguem, então, comprando dólar, mesmo nesse nível, para proteção”, disse.
Para Marcos Weigt, CEO da Travelex, as discussões sobre o Orçamento e a saúde fiscal do país também permeiam as preocupações dos investidores. “Há, sim, esta preocupação apesar de que, no ano que vem, por conta do período eleitoral, não deve haver tanto problema.”
A pressão por gastos aumenta. Hoje o relator-geral do Orçamento, Hugo Leal (PSD-RJ), aumentou de R$ 1.169 para R$ 1.210 a previsão para o salário mínimo no ano que vem, devido à alta nas estimativas para a inflação no País. O Orçamento deve ser apreciado amanhã na CMO.
Por Simone Cavalcanti
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