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Distribuidoras correm para comprar crédito de carbono e preço do Cbio dispara

Com a corrida de distribuidoras, neste fim de ano, para atingir a meta de descarbonização firmada com o governo, a cotação do Cbio (crédito de carbono) dobrou em relação a janeiro. No início de 2021, um Cbio estava sendo vendido a R$ 30,28, enquanto, no dia 15 deste mês (última data divulgada pela ANP), custava R$ 59,90, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na última terça-feira, 14, o mercado chegou a bater o recorde histórico de R$ 62,46, fruto do crescimento da demanda a partir de novembro. Na média do ano, no entanto, o valor do Cbio (R$ 38,19, até o dia 15) foi inferior à de 2020, de R$ 43,43.

“As metas de Cbio para o ano que vem são maiores do que as deste ano. Distribuidoras estão antecipando compras. Com isso, aumenta a demanda e sobe o preço. Além disso, há espaço para investidores comprarem neste ano e venderem a um preço maior no futuro, o que pode gerar mais ganhos do que no mercado financeiro”, avalia Miguel Novato, especialista em Bioenergia e economista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Para o ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME) e presidente da EnP Energia, Márcio Felix, um dos idealizadores do Renovabio junto com Novato, a tendência é que o programa de descarbonização do setor avance nos próximos anos, por causa “da força que a transição energética ganhou com a pandemia e da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021)”.

As metas de descarbonização são individuais, cada distribuidora tem a sua. Quanto mais combustível uma empresa vende, mais crédito de carbono tem de ser adquirido. O crédito é o Cbio, negociado na B3. A medida faz parte da Política Nacional de Combustíveis (Renovabio), criada em 2017 para que o Brasil cumpra as obrigações assumidas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015 (COP21).

Cada Cbio corresponde a uma tonelada de CO2 evitado, o equivalente a sete árvores. O total de crédito a ser adquirido pelas distribuidoras neste ano, de 33,9 milhões de toneladas de CO2 eq (equivalente), corresponde à captura de carbono de 233,73 árvores. Todo ano, as distribuidoras têm metas de aquisição de créditos dos fornecedores de biocombustíveis, que são uma alternativa limpa em comparação com os combustíveis derivados petróleo vendidos nos postos.

Por Fernanda Nunes

Estadão Conteúdo

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