Categories: Economia

Na pandemia, BCs se prepararam para depressão que não veio, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, argumentou nesta terça-feira (14) que os bancos centrais e os mercados se prepararam no ano passado para uma depressão econômica que não veio. “Veio uma recessão. Tivemos um conjunto robusto de medidas de enfrentamento à pandemia que foi muito coordenado. Houve um esforço fiscal (global) muito grande de US$ 9 trilhões em cima de um PIB de US$ 84 trilhões em 2020”, afirmou, em debate sobre política monetária realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Ele voltou a alegar que se esperava que a inflação de bens durante a pandemia fosse temporária, com o reequilíbrio com a demanda de serviços a partir da reabertura das economias. “Com a reabertura, esperava-se que a inflação de bens caísse. A demanda por serviços de fato se reequilibrou, mas a demanda por bens mais contínua e mais forte”, destacou.

Campos Neto citou a demora na entrega de produtos para apontar a disrupção nas cadeias de produção ainda não se resolveu, sobretudo nos países avançados.

“Essa presunção de que a inflação ocorre por interrupção de oferta não se mostrou verdadeira. Produção de bens que estão faltando – como semicondutores – só subiu desde a pandemia. O gráfico mostra um grande impulso na demanda, mas nenhuma queda na oferta”, explicou o presidente do BC. “Os gargalos estão muito relacionados com o padrão de consumo com lugares em que auxílios foram maiores”, acrescentou.

Autorização para QE

Campos Neto disse ainda que a autorização para que o órgão usasse o chamado Quantitative Easing (QE) durante a pandemia não tinha objetivo de expandir a base monetária, mas, sim, como estabilidade financeira. O BC não chegou a realizar esse tipo de intervenção no mercado de títulos em 2020.

“O BC é como uma caixa de ferramentas. Às vezes, o fato de ter uma arma ou uma ferramenta mais poderosa, faz com que o inimigo tenha um comportamento diferente. Algumas ferramentas têm esse poder de influenciar nas expectativas e você espera que elas nunca sejam usadas”, afirmou o presidente do BC.

Campos Neto avaliou que as medidas de liquidez para que os bancos pudessem comprar instrumentos privados livrou o BC da necessidade de atuar por conta própria no mercado. “Os bancos passaram a precificar esse crédito privado de forma diferente e isso gerou um movimento de fomentar a securitização”, completou.

Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues

Siga o Mercado News no Twitter e no Facebook e assine nossa newsletter para receber notícias diariamente clicando aqui.

Estadão Conteúdo

Recent Posts

Reguladores e setor bancário dos EUA devem focar em riscos mais críticos, diz diretora do Fed

A turbulência bancária ocorrida no ano passado nos Estados Unidos ilustra claramente que supervisores e…

1 hora ago

ABBC diz que redução no teto do consignado INSS prejudica bancos de menor porte

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirma que as reduções do teto dos juros do…

14 horas ago

Governo enviará MP para flexibilizar lei de licitações em casos de calamidade, diz ministra

A ministra da Gestão, Esther Dweck, anunciou que o governo federal enviará uma Medida Provisória…

14 horas ago

AGU parabeniza 3 Poderes por ‘alto nível de diálogo interinstitucional’ sobre desoneração

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, comemorou na rede social X (antigo…

14 horas ago

Consulta pública para projeto rodoviário da Nova Raposo recebe quase 2 mil contribuições

A consulta pública do projeto da rodovia Nova Raposo, em São Paulo, contou ao todo…

15 horas ago

Susep suspende por 30 dias prazos de processos sancionadores para seguradoras do RS

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) aumentou prazos e suspendeu entregas de materiais regulatórios para…

15 horas ago