Os juros futuros tiveram uma segunda-feira, 13, de volatilidade. Pela manhã, as taxas exibiram queda, ainda na esteira do IPCA de novembro abaixo do consenso e com a pesquisa Focus mostrando estagnação da piora das estimativas de inflação, mas à tarde passaram a subir. Investidores aproveitaram a deterioração do câmbio doméstico e o aumento da aversão ao risco no exterior para realizar lucros, após o forte recuo das taxas recentemente, também antes da agenda carregada que a semana reserva. O destaque é a reunião do Federal Reserve na quarta-feira, na qual se espera anúncio da ampliação do ritmo do tapering.
No fim da sessão regular, as taxas estavam nas máximas. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,485% (regular), de 11,439% no ajuste de sexta-feira; a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,427% para 10,59% (máxima) e a do DI para janeiro de 2027, de 10,341% para 10,49% (regular). No fechamento da sessão estendida, quando a liquidez é bem menor, porém, a realização de lucros perdeu força e as taxas voltaram a cair ante os níveis da regular, fechando, respectivamente, em 11,45%, 10,465% e 10,36%.
Os contratos que mais subiram foram justamente os que mais vinham caindo, ou seja, os da ponta longa, que vinham em baixa há sete sessões. “A curva fechou muito e hoje o dólar não ajudou”, resumiu Vitor Carvalho, sócio-gestor da Laic-HFM, que vê justamente o câmbio como variável-chave para um novo alívio de prêmios na curva. A moeda americana estava bem comportada ante o real na primeira etapa, até com baixa nas primeiras horas, mas passou a renovar máximas no começo da tarde, até a casa dos R$ 5,67, com a piora do humor nos mercados internacionais e fluxo negativo atribuído à sazonalidade de dezembro, quando aumentam as remessas de multinacionais às suas matrizes. Foi a deixa para um ajuste também na curva de juros, dada a grande tomada de risco do investidor na semana passada em função do IPCA de novembro e dados fracos do varejo.
Pela manhã, ainda havia fôlego de queda graças ao Boletim Focus. Após 35 semanas subindo sem parar, a mediana de IPCA para 2021 finalmente cedeu, de 10,18% para 10,05%, o que foi visto como efeito direto da inflação de novembro (0,95%) bem abaixo da mediana das estimativas (1,10%). A de 2022 parou de piorar, repetindo os 5,02%, enquanto os de 2023 e 2024 caíram de 3,50% para 3,46% e 3,10% para 3,09%, respectivamente. Até porque a mediana para a Selic no ano que vem avançou, de 11,25% para 11,50%, refletindo o tom mais firme do comunicado do Copom na busca por conter a deterioração das expectativas.
A expectativa pelo Fed, porém, prevaleceu durante à tarde, com os investidores tentando se antecipar a um tom hawkish, seja no comunicado, seja na entrevista coletiva de Jerome Powell no fim do encontro. Antes do Fed, porém, o mercado tem, amanhã, a ata do Copom e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) para repercutir logo cedo.
Por Denise Abarca
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