O segundo semestre deste ano tem sido um período de bastante volatilidade para a Bolsa brasileira, resultando em uma sequência de 5 meses de quedas do Ibovespa, entre julho e novembro. Neste período, os principais fatores de risco para a Bolsa foram o cenário político turbulento, a deterioração das perspectivas fiscais e a persistência da inflação, demandando a aceleração do aperto monetário conduzido pelo Banco Central (BC).
Em dezembro, entretanto, o cenário parece mais propício para uma retomada do mercado brasileiro de ações. Com a agenda política esvaziada, a PEC dos Precatórios aprovada no Senado e a inflação dando sinais de desaceleração, os investidores voltam a olhar para os ativos da Bolsa como opções de investimento atrativas.
Além disso, o desempenho recente das companhias listadas na B3 reforça a percepção de que o momento atual pode representar uma oportunidade de entrada em ativos descontados.
Conforme destacam os analistas Luiz Fernando Araújo e Alexandre Brito, da gestora Finacap Investimentos, o lucro líquido das empresas não financeiras listadas na B3, excluindo Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), totalizou R$ 49,8 bilhões no terceiro trimestre, valor 140,6% maior do que o observado no mesmo período de 2020 e 354,9% superior com relação ao terceiro trimestre de 2019, período anterior a pandemia.
“Tomando o lucro líquido como uma fonte de geração de valor ao acionista, destacamos mais uma vez a forte distorção entre a cotação das ações no mercado e seus resultados, o que faz com que as ações brasileiras estejam negociando em uma das menores relações de preço/lucro da última década.”
Em adição a isso, os analistas citam uma pesquisa divulgada pelo BTG Pactual que revela que, desde 2001, ocorreram 6 sequências de quedas com duração de 3 meses ou mais do Ibovespa, com apenas 3 ocasiões nas quais foram registrados 6 meses seguidos de queda.
Observando o passado, o desempenho mediano no mês seguinte a essas sequências negativas é de uma valorização de 4,8%, ao passo que atinge um acumulado de 8,7% após 3 meses. Apesar da velha máxima do mundo dos investimentos continuar válida, nos lembrando sempre de que o desempenho passado não é garantia de retorno futuro, esse indicador revela que existe uma tendência histórica de recuperação do índice após sequências de perdas significativas.
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