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Em busca de maior ganho, investidor mira segmento de recibo de ações

O mercado de Brazilian Depositary Receipt (BDRs), que são os recibos de ações negociadas no exterior, ganhou mais um empurrão no País com a abertura de capital do Nubank na Bolsa de Nova York. Isso porque a fintech criou o programa Nu Sócios em que deu um BDR a mais de 8 milhões de clientes no Brasil. Apesar de ser visto mais como um projeto educativo para atrair mais pessoas para a renda variável, o Nubank vai colocar fermento em um tipo de ativo que vem conquistando cada vez mais espaço na carteira do investidor brasileiro.

De acordo com dados da B3, o número de investidores em BDRs chegou a 475,1 mil em novembro de 2021. O detalhe é que esse número nem chegava a 3 mil há menos de dois anos.

Essa aceleração aconteceu por conta de uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários, em outubro do ano passado, permitindo que pequenos investidores negociassem os recibos e também fundos de índices (ETFs) do exterior.

Antes, apenas os investidores qualificados, que têm mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras, eram liberados para realizar esses movimentos.

Agora, a negociação de um BDR de empresas como Apple, Tesla e Microsoft é tão simples e acessível quanto comprar uma ação no aplicativo da corretora. E esse movimento foi acelerado por conta do bom momento da renda variável ao redor do mundo, enquanto a Bolsa brasileira patina.

Para se ter uma base de comparação, enquanto o S&P 500, principal índice dos Estados Unidos, subiu quase 27% no ano e batendo recordes atrás de recordes, o Ibovespa amarga uma queda de cerca de 10% no mesmo período.

Cuidados

Isso, no entanto, não quer dizer que esses retornos continuarão lá fora. Alguns problemas começam a aparecer no horizonte e podem impactar ativos que estão alcançando as máximas. Entre eles, está o iminente aumento da taxa de juros nos EUA em um futuro não tão distante.

Isso, segundo Rodrigo Sgavioli, chefe da área de alocação e fundos da XP, poderá afetar diretamente as empresas focadas em crescimento, como são as empresas de tecnologia, inclusive as “big techs”. Com os juros mais altos, fica mais caro para financiar o crescimento.

Outro fator que o investidor precisa acompanhar é o valor do dólar frente ao real. Afinal, quando se investe em algum ativo estrangeiro, existem duas variáveis: o câmbio e a volatilidade do próprio ativo. Logo, uma ação pode registrar valorização em determinado dia, mas se o real também se fortalece no mesmo período e em um patamar maior, o investidor pode ficar no prejuízo.

Por isso, para Rodrigo Lima, analista da corretora Stake, apesar de muito sedutor, é importante olhar para outras empresas além das mais populares. Segundo ele, existem várias oportunidades diferentes para se buscar, como concorrentes de uma Tesla, como a Rivian, que fez recentemente o seu IPO, além da Ford, que também entrou forte no segmento de elétricos.

É algo compartilhado por Sgavioli, da XP, que salienta que os investidores não podem sofrer da síndrome do “FOMO” (sigla em inglês para “medo de estar de fora”). É o caso do próprio Nubank. “O investimento em empresas conhecidas pode ser um catalisador para entrar, mas é preciso observar muito mais antes de se tomar a decisão”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por André Jankavski

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Estadão Conteúdo

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