Mercados

Ibovespa fecha nos 108.095 pontos, em alta de 0,50%

Mesmo num dia de maior cautela, tanto externa quanto doméstica, o Ibovespa consolidou nesta quarta-feira, 8, o quinto pregão consecutivo de alta. Ainda que o avanço de hoje tenha tido fôlego mais contido que nos últimos dias, o índice alcançou o patamar dos 108 mil pontos e fechou o dia no melhor nível desde 25 de outubro.

No início do pregão, renovadas dúvidas sobre o tamanho da dor de cabeça que a variante Ômicron da covid-19 pode causar chegaram a inspirar preocupação nos investidores globalmente, mas parte disso foi dissipado no fim do dia, após notícias de que as vacinas devem ter boa eficácia. Internamente, dados do varejo piores que o esperado e a decisão de juros pelo Banco Central, mais tarde, seguraram parte do fôlego do investidor. Por outro lado, o mercado viu se encaminhar para resolução a principal fonte de risco das últimas semanas, com a promulgação de parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.

Nesse cenário, o Ibovespa oscilou perto da estabilidade durante todo o dia, emplacando fôlego um pouco melhor no fim pregão. Terminou o dia cotado em 108.095,53 pontos, em alta de 0,50%. Na mínima do dia, chegou aos 107.308,60 pontos (-0,23%). Na máxima, tocou os 108.520,82 (+0,90%).

As notícias de que pode ser cedo ainda para comparar a variante Ômicron com outras cepas e o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a expectativa é de que mais países (além dos 57 atuais) comecem a registrar casos da Ômicron, além de um aperto nas restrições na Europa, tiraram o fôlego dos índices globais no início do dia. Tanto que, lá fora, as bolsas europeias fecharam em queda.

Por outro lado, notícias de que a Pfizer teria garantido que, com três doses, consegue garantir eficácia contra a nova cepa retiraram um pouco da pressão sobre os ativos globais, com Nova York se consolidando no território positivo, e deram espaço para que o Ibovespa, que quase zerou a alta no meio da tarde, colocasse alguma folga no movimento de alta.

Há uma cautela dos investidores, que deve oscilar nos próximos dias, de que a variante leve a novos lockdowns, que prejudiquem a já vacilante atividade global. “O medo com o coronavírus ressurgiu, com algumas restrições sendo reimpostas na Europa. Até o momento, o impacto na atividade parece modesto, mas será o suficiente para ver as economias na Zona do Euro e em parte da Europa emergente a desacelerar no quatro trimestre”, aponta a consultoria Capital Economics em relatório publicado nesta quarta-feira.

No cenário doméstico, apesar da disposição dos investidores de emplacar um rali em dezembro, após cinco meses de queda, o resultado das vendas no varejo pelo IBGE pesou negativamente e impediu uma alta robusta. As vendas do comércio varejista caíram 0,1% em outubro ante setembro, pior que a mediana de alta de 0,6%. Na comparação com outubro de 2020, a queda foi de 7,1%, também pior que o esperado.

“O volume de vendas varejistas recuou, num contrário do consenso. Frustrou a expectativa de mercado no setor de consumo, que está muito amassado na bolsa”, disse Cássio Bambirra, sócio da One Investimentos, citando que o índice setorial do consumo, apesar de ter terminado hoje no positivo, acumula uma das piores quedas anuais, de mais de 23,84%, ante 9,18% do Ibovespa. Destaque para a queda das ações da Magazine Luiza, que lideravam as perdas do índice hoje, encerrando o dia com recuo de 10,63%.

“Varejo é o que mais pesa negativamente, principalmente eletrônico. Você tem Magalu tendo queda acentuada. De manhã, os dados do varejo foram nada animadores. Por isso esse desconto um pouco maior dentro do varejo de e-commerce, mas também pelo aumento da concorrência”, completa o analista da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno. Ele destaca o comportamento das empresas ligadas ao turismo, que devolvem parte da perda das últimas semanas após o alívio com o risco Ômicron. CVC e Gol tiveram, ambas, as maiores altas do índice hoje.

Também prejudicam o varejo a trajetória de juros altos, em resposta justamente à inflação elevada, também prejudicial ao setor. Hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar alta de 1,5 ponto porcentual na Selic, levando a taxa básica de juros a 9,25%. O mercado monitora com cautela, explica Gambirra, o tom do comunicado pós-reunião do Copom e as sinalizações para as próximas reuniões.

Por outro lado, os investidores acompanham hoje a promessa de encerramento do principal risco que rondou a bolsa brasileira nas últimas semanas, com a promulgação de parte da PEC dos Precatórios. “O mercado espera a PEC para retirar volatilidade do mercado. Contribui para voltar a atrair investidores”, aponta Moliterno, da Veedha.

O petróleo também segue ajudando, após terminar mais um dia em alta, dessa vez mais contida, com o barril do Brent para fevereiro em alta de 0,50% e o WTI para janeiro em elevação de 0,43%.

O giro financeiro de hoje foi baixo, de R$ 29,9 bilhões, o que se justifica na opinião do sócio e assessor de investimento da Monte Bravo, Bruno Madruga, pelo Copom. “No Ibovespa temos volume negociado baixo, muito pela definição da taxa de juros pelo Copom, os investidores ficam esperando a decisão”, disse. No mês, o Ibovespa tem alta de 6,06% e, na semana, de 2,88%.

Por Bárbara Nascimento

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Estadão Conteúdo

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